As avaliações deste trabalho foram feitas in vivo e in vitro.O objetivo do trabalho in vivo foi avaliar o efeito de fontes de óleo de soja em associação com glicerina em dietas para ruminantes sobre a fermentação ruminal, síntese de proteína microbiana, eficiência da biohidrogenação ruminal e fluxo ruminal de ácidos graxos. Oito novilhos da raça Nelore, com peso inicial de 554,13 ± 36,35 kg e idade média de 30 meses, com cânula ruminal e duodenal, foram alimentados com dietas contendo glicerina (100 g/kg MS) e fontes de óleo de soja (50 g/kg MS). Foram fornecidas quatro tipos de dietas com proporção forragem:concentrado (30:70), silagem de milho foi fornecida como volumoso, e o concentrado diferenciado pela fonte de óleo de soja: 1) dieta controle CO; 2) dieta com soja grão SG; 3) dieta com óleo de soja OS; e 4) dieta com gordura protegida comercial GP. Os animais foram divididos em dois quadrados latinos 4x4, com quatro períodos experimentais de 16 dias cada. As médias foram submetidas à análise de contrastes ortogonais. O uso de fontes de óleo de soja (5% EE) em associação com glicerina (100 g/kg MS) não afeta o consumo da MS, mas sim a digestibilidade da MS, FDNcp e EE; não resultando em mudanças no pH ruminal e nas concentrações dos ácidos graxos de cadeia curta. Não houve redução na produção de acetato (65,63 Mm/L), mas a produção de propionato foi incrementada (40,02 Mm/L) possivelmente pela inclusão da glicerina, provocando redução na relação acetato:propionato (1,69). A eficiência da síntese de nitrogênio microbiana foi favorecida para a dieta OS (15,14 g N-Mc/kg de MOAFN). O nitrogênio retido no tecido foi maior na dieta SG (46,74%). Os tratamentos afetaram as concentrações e o perfil dos ácidos graxos no rumen e o fluxo ruminal de ácidos graxos. A taxa de passagem para o ácido linoléico foi afetada com o menor valor para OS e maior valor para SG e GP; no entanto, a taxa de biohidrogenação para o ácido linoléico e ácido linolenico foi maior para OS. A maior eficiência da biohidrogenação do ácido oleico e o ácido linoléico foi para OS. O maior fluxo de ácido esteárico foi para OS, mesmo assim, apresentou o maior fluxo de ácido vaccênico; os maiores fluxo do ácido linoléico e ácido linolenico foram para o GP. Os metabólitos sanguíneos avaliados foram afetados pelas dietas, mas, estiveram dentro da faixa de salubridade para este tipo de animais. No entanto, sugere-se que o uso de fontes de óleo de soja em relação a 5% de EE e em associação com glicerina (100 g/kg MS) pode ser utilizado em rações estratégicas para ruminantes, sendo importante levar em consideração a forma como o lipídio está disponível na fonte, influenciando na eficiência de alguns parâmetros da fermentação ruminal, a digestibilidade de nutrientes e a modificação da quantidade e qualidade dos ácidos graxos no rumen e o fluxo que atingiu o duodeno. No trabalho in vitro, estimou-se o taxa e a eficiência da biohidrogenação e a produção de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2). Foram avaliadas cinco dietas para ruminantes diferenciadas pela fonte de lipídio em associação com glicerina (100 g/kgMS): 1) óleo de soja (OS), 2) gordura protegida (GP), 3) ácido linoléico puro (AL), 4) ácido linolenico puro (ALN), 5) e controle (CO). Nove novilhos da raça Nelore foram utilizados como doadores do líquido ruminal, que foram alimentados com uma dieta (volumoso:concentrado 30:70). O líquido ruminal foi recolhido após 15 dias de adaptação. Foram três dias de coletas. Foram avaliados seis tempos de incubação (0:00, 1:00, 5:00, 12:00, 24:00 e 36:00 horas). A proporção total de gases em média para o tratamento foi afetada pela associação do lipídio com a glicerina. Houve efeito dos tratamentos na porcentagem da produção de CH4 e CO2, sendo os tratamentos ALN, AL e OS que apresentaram a menor concentração de CH4 (15,3%; 15,2% e 16,7%), respectivamente; e a menor concentração de CO2 foi para AL e OS (24,6% e 25,0%), respectivamente. A produção dos ácidos esteárico, oleico, linoléico, linolenico e o vaccênico foi influenciada pelos tratamentos e pelos horários. A taxa de biohidrogenação para os ácidos graxos é maior nas primeiras horas de incubação. Conseguiu-se estabelecer que os lipídios na forma de gordura protegida não garantem a inibição do processo de biohidrogenação. No entanto, o efeito associativo do uso da glicerina com o óleo de soja na forma não protegida permite reduzir a eficiência da biohidrogenação e garantir a diminuição de CH4 e CO2.