A vegetação da Caatinga apresenta como característica fundamental variabilidade espaço temporal, cujo entendimento é imprescindível para a compreensão da dinâmica vegetacional. Objetivou-se com esta pesquisa analisar a vegetação da Caatinga quanto à estrutura e fenologia, dos diferentes estratos, frente às diferentes condições de conservação e pastejo no Cariri Paraibano. Selecionarou-se três áreas de Caatinga da Estação Experimental pertencente a Universiade Federal da Paraíba, localizada em São João do Cariri, com diferentes condições de conservação: Área I – estado avançado de degradação; II – estado intermediário de degradação; III – menos degradada e em cada área foram delimitadas duas parcelas de 10 x 10 m, sendo uma sem acesso e a outra com acesso ao pastejo por caprinos/ovinos. Dentro de cada parcela foram alocadas cinco subparcelas de 1m x 1m, onde avaliou-se a abundância, densidade (ind/m²), riqueza, diversidade, similaridade e a formação de grupos florísticos no estrato herbáceo e subarbustivo durante quatro anos consecutivos (2006, 2007, 2008 e 2009). A Área I apresentou maior abundância e maior densidade (ind/m²) nas parcelas sem acesso de caprinos/ovinos. Nas áreas I e II houve predomínio do capim panasco e na área III do Cyperus. Na área III observou-se a maior diversidade. Registrou-se uma redução nos índices de diversidade de Shannon (H´) e de Equabilidade (J´), assim como na quantidade de espécies generalistas ao longo do período experimental. Nas áreas I e III, as espécies existentes apresentaram-se similares e formaram três grupos florísticos, na área II observou-se que as espécies formaram quatro grupos florísticos. As áreas I e II apresentam-se mais uniformes de acordo com a análise de correspondência (CA) e os dois primeiros eixos da análise de coordenadas principais (PCA), juntos, explicaram 86,28% da variação observada na distribuição das espécies em função do grau de conservação das áreas. Para o segundo ensaio experimental, selecionou-se indivíduos das espécies: Marmeleiro (Croton blachetianus Baill), Pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart.), Catingueira (Poincianella pyramidalis Tul.) e Pinhão (Jatropha mollissima Mull. Arg.), com objetivo de avaliar o efeito do caprino e das variáveis ambientais (precipitação, temperatura e umidade relativa) sobre o desenvolvimento fenológico das espécies. Selecionaram-se cinco indivíduos de cada espécie, por área, com características fisionômicas semelhantes, onde avaliou-se, semanalmente, a emissão e abscisão foliar, floração e frutificação. As áreas experimentais apresentavam diferentes lotações de caprinos, a primeira com dez e a segunda com cinco, a exceção da terceira que permaneceu sem caprinos durante todo o período experimental (2007, 2008, 2010 e 2011). Utilizou-se o método de Fournier para avaliar a intensidade das fenofases: brotamento, senescência, floração e frutificação nos indivíduos e na população. Os dados foram submetidos a análise estatística circular para verificação da sazonalidade dos eventos fenológicos. A influência das variáveis ambientais sobre a fenologia foi avaliada por meio da Análise de Correspondência Canônica (ACC). Os eventos fenológicos de P. pyramidalis, C. blachetianus, A. pyrifolium e J. mollissima apresentaram padrões anuais, com variações interanuais. Foi observada a redução no brotamento durante o período seco, em todas as espécies, bem como o total de flores e frutos. Os picos de intensidade de cada fenofase acompanharam a variação interanual dos fatores ambientais, sendo indiferente nas áreas com presença de caprinos. A análise de ACC revelou a forte correlação entre as variáveis ambientais e a fenologia, respresentando 70% das variações registradas nos padrões fenológicos de cada espécie. A fenologia das espécies avaliadas apresentou-se de forma sazonal em consonância com a variabilidade ambiental. A presença de caprinos, até a lotação de 10 animais, não influenciou a fenologia das espécies estudadas.