Ao criticar o ensino japonês de sua época Tsunessaburo Makiguti (1871 – 1944) foi impedido pelo governo de seu país de atuar como pedagogo. Devido as suas convicções, na defesa de uma educação sem privilégios e antimilitarista, foi perseguido e afastado de suas atividades de professor e diretor de escola. Juntamente de Jossei Toda (1900 – 1958), também educador, e a quem considerava como seu discípulo, foram detidos e confinados à prisão, onde Makiguti veio a falecer em 18 de novembro de 1944. Por meio de sua experiência com a educação Makiguti pôde concatenar ideias aparentemente díspares, gerando registros em seu diário que se avolumaram ao longo de trinta anos, como também aproveitou anotações feitas em rascunhos, rabiscos, bem como pequenos ensaios. Este acúmulo de anotações fez com que publicasse em 1930 sua obra Soka Kyoikugaku Taikei (Sistema Educacional de Criação de Valor). Impossibilitado de se dedicar à formação escolar, fundou, também em 1930, no mesmo dia de lançamento de seu livro Soka Kyoikugaku Taikei, 18 de novembro, a organização Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de Valores), mais tarde denominada apenas Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valor Humano). O próprio Makiguti declarou que não era sua intenção, inicialmente, publicar este material. Desta forma, seus pensamentos circulam na sociedade brasileira, desde 1966, por meio das publicações feitas pela Editora Brasil Seikyo (EBS), editora essa coligada com a Associação Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI) fundada em 1960; outra forma de difusão é por meio do Programa Makiguti em Ação em que algumas escolas públicas de ensino básico de São Paulo, e de outros Estados como Amazonas e Paraná, têm adotado o programa que consiste em atividades orientadas pelo sistema de criação de valores humanos. Tendo como corpus edições da revista infantil RDez, publicada por esta editora, a presente pesquisa tem o objetivo de propiciar uma reflexão a respeito das representações concernentes à circulação do impresso RDez pela Divisão dos Estudantes (DE) da BSGI, e das formas que podem ser apreendidas suas leituras por meio de seus eventos e atividades. Como metodologia utilizou-se de uma perspectiva da história cultural do livro, realizando estudo intensivo da difusão e apropriação, na sociedade brasileira do sistema educacional defendido por Makiguti.