Destoxificar a torta de pinhão manso tem sido um grande desafio e poucos estudos avaliaram o processo de compostagem em biorreatores de bancada, comparando as propriedades bioquímicas antes e depois. Os objetivos desse estudo foram avaliar o processo de compostagem da torta de pinhão manso com outros resíduos orgânicos em biorreatores de bancada visando diminuir os ésteres de forbol. Para o experimento, foram definidos três tratamentos, os quais envolviam a torta da semente de pinhão manso (TPM), a mesma com esterco de cavalos (TPM+EC) e com composto de resíduos vegetais (TPM+CV). A compostagem durou 360 horas e os tratamentos foram repetidos três vezes num esquema experimental em blocos casualizados, sendo aplicadas técnicas de estatística multivariada. Todos os tratamentos atingiram temperaturas (T) acima de 45 °C, corroborando fase termofílica, em até 48 horas, sendo que TPM+EC atingiu primeiro essa fase, em 8 h, a qual teve maior duração (total de 300 h), seguida por TPM (128 h) e TPM+CV (108 h). O sistema manteve-se predominantemente aeróbio, com concentrações médias do gás O2, acima de 10 %. As correlações entre T e os gases indicaram que quanto maior a temperatura maior a emissão de CO2, e menor de O2, ou seja, mais O2 estava sendo consumido com o aumento da atividade microbiana. De modo geral, todos os tratamentos se mantiveram com teor de umidade dentro da faixa apropriada, entretanto o TPM iniciou com a menor umidade (41,2 %) e durante as primeiras 48 horas manteve umidades mais baixas, 12,4 % menor que TPM+EC e 7,4 % de TPM+CV, e a partir de 144 h, TPM e TPM+CV tinham 53 % de umidade, e TPM+EC 71 %. Praticamente não houve variação nos tratamentos do teor de N com o tempo de compostagem, mas TPM apresentou maior quantidade de N (2,5 % em média), seguido do TPM+EC com 1,9 % N e TPM+CV com 1,6 % de N. O teor de C teve um comportamento similar ao do N, praticamente sem muita variação dos tratamentos com o tempo de compostagem, sendo que TPM e TPM+EC foram semelhantes, respectivamente com valores próximos de 47,7 % e 45,5 % de C, e TPM+CV com a menor quantidade de C, variando em torno de 30,7 % em média. Os valores finais de pH (entre 8,4 e 8,7) se encontraram dentro da faixa alcalina normal para compostos orgânicos e as relações C/N pouco variaram (TPM+CV com
17,9, TPM com 18,2 e TPM+EC com 21,8), não permitindo avaliar o grau de maturação dos resíduos. Em geral a composição dos outros nutrientes foi bem semelhante entre tratamentos, em média com 0,43 % de P, 0,56 % de Ca e 0,37 % de P, embora com alguma diferença no K indicando TPM (1,9 %) ≥ TPM+EC (1,5 %) > TPM+CV (1,2 %). As concentrações médias máximas de equivalentes de ésteres de forbol encontradas no início da compostagem variaram de 0,27 mg g-1 (TPM+CV) a 0,49 mg g-1 (TPM e TPM+EC). Em 48 h TPM+EC reduziu em 59 % o teor de EF, e zerou em 360 h, quando TPM diminuiu para 0,11 mg g-1 e TPM+CV para 0,05 mg g-1 de EF. Os dados de temperatura e de respirometria indicaram que a estabilização da compostagem ocorreu quando T < 30 °C, CO2 < 1 % e O2 < 20 %, sendo que TPM em 328 h estava com 0,8 % CO2 e 18,4 % O2, TPM+CV em 294 h, estava com 0,8 % CO2 e 18,1 % O2, condição não atingida por TPM+EC. Estudos futuros sobre a compostagem da torta de pinhão manso devem considerar também a influência da atividade biológica na degradação dos compostos tóxicos, a ecologia microbiana envolvida nesse processo e posteriores técnicas genéticas de conhecimento das espécies ou gêneros envolvidos.