Nesta pesquisa, teve-se por objetivo compreender o Programa Mulheres Mil (PMM) como expressão da política de inclusão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC). O PMM foi criado no Brasil como um projeto-piloto em 2007 e expandido para todos os Institutos Federais do Brasil em 2011. A fim de descrever os elementos conjunturais relativos ao objeto de pesquisa, foram utilizados como base Martins (2009), Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005), Lima e Martins (2005), Martins e Neves (2010) e Alves (2014), compreendendo que, apesar dos governos Lula da Silva e Dilma Roussef se afirmarem como vinculados à luta dos trabalhadores, tais governantes mantiveram a lógica neoliberal típica da Terceira Via e do Neodesenvolvimentismo. Como fontes de consulta, foram utilizadas as produções acadêmicas que abordam temas relacionados ao objeto de investigação e que foram selecionadas mediante balanço de literatura, os documentos oficiais relacionados ao PMM em âmbito nacional e no IFSC e a entrevista com a CoordenadoraGeral do PMM no IFSC. Buscou-se estudar as expressões “inclusão” e “exclusão” com base em Ribeiro (1999), Shiroma (2001), Oliveira (2004), Kuenzer (2006), Leher (2009) e Frigotto (2010), o que possibilitou compreender que esses termos não explicam a realidade, sendo expressões funcionais à ordem capitalista, justificando ações para mantê-la. Constatou-se que, na proposta de inclusão do PMM, são utilizadas palavras de caráter humanitário, fazendo com que, na aparência, o programa responda às reivindicações da classe trabalhadora, mas essencialmente aglutine forças à hegemonia do capital por meio do discurso político. Identificou-se também que a perspectiva de inclusão social vinculada ao PMM está fortemente ligada à geração de renda, ao incentivo à empregabilidade e ao empreendedorismo, bem como à assistência social, na orientação das mulheres à busca de seus direitos básicos. Compreende-se, ent que a perspectiva inclusiva do programa contribui com a manutenção da ordem social vigente. Não obstante, o IFSC, ao ofertar o PMM, também se constitui em um campo de disputa entre interesses de classe antagônicos, isto é, da contradição capital-trabalho. Desse modo, o PMM também pode ser compreendido como resultado da luta dos trabalhadores na construção da contra-hegemonia, em busca de uma educação que consubstancie essa luta. Apesar da contradição capital-trabalho presente na instituição, entende-se que o IFSC, por meio do PMM e outras ações de diretriz inclusiva, vem contribuindo com o alívio da pobreza e com a conformação social da classe trabalhadora, auxiliando na construção de uma sociedade defensora do projeto de sociabilidade do capital.