A presente pesquisa tem como objetivo investigar a presença e a atuação da Galeria de Arte Celina no contexto cultural de Juiz de Fora, cidade situada na Zona da Mata de Minas Gerais, nas décadas de 1960 e 1970. Tudo se passa em um período turbulento marcado profundamente por utopias e embates ideológicos vividos em conflito com o obscurantismo gerado pela ditadura militar. Esta reflexão delineia-se com perfil antropológico, capaz de tecer relações entre as narrativas decorrentes das memórias de vários sujeitos envolvidos. Esta memória coletiva permite trazer à superfície, a história viva que ainda se encontra imersa no universo desta geração de intelectuais e artistas. Trata-se de um espaço cultural que apresenta uma diferença em relação às demais galerias existentes no país, no período deste recorte temporal. Seu caráter de originalidade, criatividade e a aura que contagiou uma geração, em tempos de repressão política, favorece o conhecimento da trajetória da arte em Juiz de Fora e de alguns de seus atores sociais. A Galeria, fundada pela família Bracher, é um marco representativo para a cultura, de iniciativas concretas, oriundas de um idealismo fundamentado na visão e consciência desta família artística, em divulgar e promover a arte de forma conjunta: em comunidade. Tornou-se, imperiosa, a necessidade de trazer pintores internacionais, nacionais e locais, cursos, cinema, teatro, performances, música, debates, etc, que convergiu para a concretização do ideal de possibilitar, ao público variado, conhecer e respirar a arte. A Galeria de Arte Celina é um lugar de memória: uma Galeria utópica. Por isso, entendemos que a palavra ideário, que se encontra no título da tese, tem o seu sentido mais canônico: reúne os desejos, as aspirações, metas, objetivos e programas que fazem parte de uma época, de uma geração.