o óxido nítrico (NO) é um radical livre relativamente estável que atua na regulação
de diversos processos fisiológicos e fisiopatológicos. A produção de NO nas células
se dá pelas isoformas das óxido nítrico sintases (NOS), sendo duas constitutivas - a
neuronal (nNOS) e a endotelial (eNOS) - e uma induzível (iNOS). No câncer, os
efeitos do NO dependem dos níveis de expressão das NOS, das concentrações
intracelulares e extracelulares de NO no ambiente tumoral, do conteúdo genético
das células, da sensibilidade celular e do tipo celular envolvido. A iNOS é codificada
por um gene que apresenta 27 éxons e, além da forma completa desta enzima, já
foram identificadas variantes de splicing alternativo em células de diversos tecidos
humanos, em macrófagos alveolares e em linhagens celulares tumorais. Em relação
ao câncer de mama, se trata de uma doença multifatorial e bastante heterogênea,
classificada basicamente de acordo com a expressão dos receptores de estrógeno
(ER) e de progesterona (PR) e do HER-2. Já se mostrou que alta expressão de
iNOS está relacionada a uma menor taxa de sobrevivência em pacientes com
tumores ER-negativos.
Objetivos: Investigar a expressão da iNOS e de duas variantes de splicing
alternativo (8- 9- e 9- 10- 1r) em linhagens celulares e em amostras clínicas de
tumores de mama; correlacionar a expressão dessas com os subtipos tumorais e
com a produção de NO.
Métodos: Foram utilizadas duas linhagens celulares de tumores de mama: uma ERpositiva
(MCF7) e uma ER-negativa (MDA-MB-231). Foi realizado o isolamento de
células das amostras clínicas por meio de digestão enzimática seguida por
centrifugação diferencial, obtendo-se células epiteliais e fibroblastos. Para todos os
tipos celulares foi realizada a mensuração da produção intracelular de NO por
citometria de fluxo e a quantificação da expressão da iNOS e suas variantes de
splicing alternativo pela técnica de Southern blotting e por qPCR.
Resultados: Tanto para as linhagens quanto para as células epiteliais e fibroblastos,
foi verificado que as células ER-negativas apresentam maior produção de NO
comparado às ER-positivas. A produção de NO nos fibroblastos está relacionada à
intensidade do infiltrado inflamatório no sítio tumoral. Não houve correlação entre os
níveis de expressão da iNOS e a produção de NO. As variantes de splicing
alternativo puderam ser analisadas apenas pela técnica de Southern blotting, porém
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não foi verificada correlação entre a expressão delas e os subtipos tumorais. No
entanto, a variante 3 (9- 10- 11-) se mostrou bastante evidente no tumor micropapilar.
Conclusão: Tanto para as linhagens celulares quanto para as células primárias,
ficou demonstrado que não há relação entre o perfil de expressão da iNOS, suas
formas de splicing alternativo e os níveis de produção de NO. Essas observações
reforçam a existência de um mecanismo de regulação bastante complexo da
expressão da enzima. A forte expressão da variante 3 no tumorrnicropapilar mostra
a necessidade da investigação da regulação da expressão da iNOS nesse tipo
tumoral. Assim, o trabalho reforça a complexa regulação da iNOS e da consequente
produção de NO por esta enzima nos tumores de mama. Dada a importância do NO
na biologia dos tumores, uma maior investigação