A manipulação da fermentação ruminal é valiosa ferramenta de técnicos e nutricionistas na
busca do aumento da produtividade e da eficiência na utilização dos recursos destinados à
alimentação animal. Existem diversas ferramentas como a mistura uniforme da ração, o manejo
adequado de cocho, a formulação correta da ração e a utilização de compostos que visam
auxiliar o processo fermentativo do rúmen denominados aditivos. O uso de antibióticos como
promotores de crescimento em alimentos para animais tem enfrentado resistência, devido aos
resíduos e a resistência bacteriana que estes produtos podem gerar. Por isso, o uso de
antibióticos em sistemas de produção de ruminantes foi proibido na União Europeia em janeiro
de 2006. Desta forma, algumas tecnologias têm sido desenvolvidas para substituir estes
produtos e dentre estes, os extratos vegetais vêm sendo amplamente estudados na nutrição de
ruminantes como moduladores da fermentação microbiana ruminal. Estas plantas são ricas em
compostos ativos com poder antimicrobiano tornando-as úteis na nutrição animal como
aditivos. O óleo bruto de sucupira apresenta, em sua composição sesquiterpenos e diterpenos
sendo, o β-cariofileno, o composto de maior concentração. Diante das limitações da aplicação
de produtos desconhecidos na alimentação animal, as técnicas de digestibilidade in vitro e
estudos metabólicos com animais canulados no rúmen são recomendados nas etapas iniciais da
pesquisa. Com o presente trabalho objetivou-se avaliar diferentes doses do óleo bruto de
Sucupira sobre a fermentação microbiana ruminal in vitro através de um sistema de cultura
contínua de duplo fluxo. Para o desenvolvimento do ensaio in vitro utilizou-se a metodologia
de fermentação ruminal em sistema de cultura em fluxo contínuo (Hoover et al., 1976). Os
tratamentos foram constituídos de quatro doses: 0%; 0,06%; 0,12%; 0,24% na matéria seca
(MS) da dieta fornecida do extrato bruto de Sucupira e um tratamento com Monensina Sódica
(30 ppm). O delineamento experimental realizado foi em blocos inteiramente casualizados com
quatro repetições e cinco tratamentos. No ensaio in vitro, houve diferença (P<0,05) na
digestibilidade da MS e MO entre o tratamento 0,24% do extrato de sucupira e os tratamentos
controle e monensina. Não se observou diferenças (P>0,05) na digestibilidade da FDN e FDA.
A adição do extrato de Pterodon emarginatus Vogel (Sucupira) aumentou a digestibilidade da
MS e MO comparados com a Monensina Sódica, sem efeitos na DFN e DFA. A concentração
do ácido acético foi afetada (P<0,05) pelos tratamentos, observando uma diminuição da
concentração para o tratamento 0,24% comparado com o tratamento controle. O mesmo ocorreu
com a relação entre os ácidos acético e propriônico, onde o tratamento 0,24% ocasionou uma
menor relação comparado com os tratamentos controle e 0,06%. O extrato de Pterodon
emarginatus Vogel (Sucupira) tem potencial de modular a fermentação ruminal devido ao seu
efeito nos microrganismos ruminais, sendo seu efeito dose dependente, podendo ser usado
como aditivo para manipular a fermentação no rúmen e ser um provável substituto da
monensina sódica, porém mais estudos devem ser realizados para elucidar e responder as
dúvidas referentes a utilização destas substancias, como esclarecer os efeitos desses produtos
sobre os microrganismos ruminais, seus efeitos no metabolismo animal, nos parâmetros de
fermentação ruminal in vivo, quantificar as doses a serem utilizadas e quantificar os ganhos em
desempenho animal. O teste de digestibilidade ruminal in vitro pelo Sistema de Cultura em
Fluxo Contínuo mostrou ser uma importante metodologia alternativa e de precisão para o estudo
de digestibilidade ruminal.