O objetivo deste trabalho foi desenvolver biocompósitos cerâmicos infiltrados com vidro com elevadas transmissão óptica, para aplicação em próteses dentárias, por meio da compatibilização das características ópticas das fases presentes na microestrutura, para minimização do espalhamento da luz, empregando uma estratégia sistematizada para o desenvolvimento dos vidros por meio do emprego de um software simulador de propriedades. Para tal, foi empregado o software SciGlass para estimar o efeito de vários óxidos na viscosidade e no índice de refração de vidros do sistema SiO2-Al2O3-La2O3-TiO2. Com base nas simulações, foram confeccionados vidros deste sistema com adições de diferentes teores de B2O3, CaO e CeO2, por meio de fusão de óxidos entre 1500 e 1600°C. Foram realizados estudos de infiltração dos vidros em pré-formas porosas de alumina em temperaturas de até 1200°C, para preparação dos compósitos. Os materiais preparados foram caracterizados empregando-se técnicas de DRX, MEV-EDS, refratômetro, espectrofotômetro e ensaio de flexão em quatro pontos. Os vidros preparados apresentaram elevados índices de refração variando entre 1,69 e 1,78, próximos ao da alumina. As adições de B2O3, CaO e CeO2 favoreceram o processo de infiltração do vidro na pré-forma. No vidro remanescente da infiltração ocorreu devitrificação, mas o vidro infiltrado na pré-forma permaneceu amorfo. Os compósitos preparados com vidros com altos teores de B2O3, contendo ou não CaO, apresentaram elevadas transmitâncias. A adição de CeO2 diminuiu significativamente a translucidez. Estes resultados foram interpretados por meio dos coeficientes de absorção e espalhamento determinados pela teoria de Kubelka-Munk. Os valores de resistência à flexão dos compósitos foram de cerca de 330 MPa. A abordagem proposta possibilitou desenvolver vidros de SiO2-B2O3-Al2O3-La2O3-TiO2-(CaO) que resultaram em compósitos com translucidez significativamente maior do que a do compósito similar comercial.