O presente estudo tem por objetivo analisar os aspectos físicos e psicossociais dos oito departamentos que mais adoeceram na Câmara dos Deputados (CD) no período de novembro de 2012 a novembro de 2013, tendo por base a Síndrome do Edifício Doente (SED). Justifica-se devido à preocupação da CD em oferecer a seus trabalhadores uma gestão com ênfase em qualidade de vida no trabalho, o que inclui um ambiente saudável. Por meio do prontuário eletrônico utilizado no serviço de emergências médicas da instituição em questão, foram identificados os principais diagnósticos e os departamentos que apresentaram mais adoecimentos para análise baseada em estudo quantitativo. Na segunda etapa da pesquisa, foi aplicado um questionário semiestruturado com o intuito de identificar o aparecimento de sintomas diários e sua possível associação com os aspectos físicos e psicossociais no local de trabalho. A análise quantitativa mostra que o trabalho legislativo na CD pode ser um fator de risco para adoecimento. Com o levantamento dos sintomas diários foi possível observar que o ambiente físico de trabalho é responsável por boa parte das ocorrências, já que 37% do total de trabalhadores que participaram dessa pesquisa apresentaram sintomas diariamente e, desses, 66% relataram melhora ao saírem do trabalho. Os sintomas diários mais frequentes foram congestão nasal, irritação nos olhos e na garganta. Somente 5% dos trabalhadores dos departamentos estudados estão totalmente satisfeitos com as características físicas da CD. Dentre as mudanças desejadas, as principais queixas relacionam-se com: o ar condicionado, a temperatura da sala, o mobiliário, a alta densidade de funcionários na mesma sala, ruídos/barulhos e a iluminação artificial. O pouco controle sobre essas variáveis pode ser um fator do desejo de mudança. Parte considerável dos participantes desta pesquisa relatou bom relacionamento com os colegas de trabalho, autonomia para desempenhar o trabalho, apoio do chefe e dos colegas e valorização das opiniões. O volume de trabalho desempenhado não é excessivo, o trabalho não lhes causa ansiedade e os prazos, em geral, são elásticos. Portanto os resultados mostram indícios de que a SED pode ser uma realidade nesses setores da CD, porém, com relações explicadas mais pelos fatores físicos do que pelos psicossociais. Observa-se que os trabalhadores são os que sentem os sintomas da SED, mas são o prédio, seus aspectos físicos e as relações psicossociais do trabalho os responsáveis por essa sintomatologia. Talvez, o nome mais adequado seja Síndrome do Edifício Adoecedor e não Síndrome do Edifício Doente. Para trabalhos futuros, sugere-se que novos estudos sejam feitos em outro período do ano e de forma a alcançar mais departamentos da CD além das incluídas neste estudo. Este estudo trouxe luz aos problemas de espaço físico desses departamentos da CD. Como instituição responsável pela elaboração das leis, é importante à CD o autoconhecimento com respeito às condições que provêm ambiente físico e psicossocial adequado aos seus trabalhadores e que valorizem a gestão com ênfase em Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). Nesse sentido, o presente trabalho pode contribuir com argumentos testados cientificamente para o amadurecimento das discussões sobre o tema da QVT.