No ensino da medicina veterinária esta implícito o uso de animais para o
aprendizado das mais diversas habilidades profissionais, sendo que na maioria das
vezes os animais utilizados nas práticas pedagógicas sofrem algum tipo de prejuízo
ou morrem para este fim. Com o aumento da preocupação ética em relação aos
animais, nas últimas duas décadas, surgiu a necessidade de se substituir estes
métodos de ensino onde havia prejuízo aos animais e ao aprendizado do aluno, por
métodos humanitários. Este estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento e
opinião dos alunos das Faculdades de Medicina Veterinária brasileiras acerca da
implementação dos chamados “métodos substitutivos“ ao uso prejudicial de animais
e os métodos que estão sendo utilizados atualmente. Foram obtidas 1383 respostas
de estudantes de medicina veterinária de 26 estados brasileiros e do Distrito
Federal, que responderam questionário semiaberto divulgado de forma online e as
respostas foram submetidas à uma analise estatística que nos permitiu concluir que
47,9% dos entrevistados desconhecem a principal legislação acerca do uso de
animais, 66,4% afirmaram conhecer o que é um método substitutivo ao uso de
animais, 87,7% entendem como "uso prejudicial de animais” a eutanásia de um
animal saudável para fins didáticos”; 55,6% acreditam que métodos substitutivos
podem sim substituir o uso de animais, desde que seja o método apropriado e que a
principal vantagem desta substituição seria o fato de que são métodos eticamente
aceitáveis onde não há crueldade contra animais” (57,3%) e a principal
desvantagem seria o custo para aquisição (51,8%). Cerca de 93% indicaram que há
utilização de animais no seu curso, sendo que a principal espécie o cão (76,5%) e a
anatomia apontada como a disciplina que mais utiliza animais. Quanto as aulas de
técnica cirúrgica, o método mais citado foi o uso de cadáveres preservados
(27,2%).Quanto a utilização de métodos substitutivos, 47,3% responderam que seus
cursos utilizam estes métodos e que a disciplina que mais utilizava métodos como
manequins, simuladores, vídeos, e softwares era a de anatomia, seguidas das disciplinas de clinica e cirurgia de pequenos animais, que utilizavam atendimento
clinico de animais da comunidade ou de ONGs. De acordo com os dados
analisados, podemos afirmar que os alunos de Instituições de ensino públicas
tiveram mais contato com o conceito dos 3Rs que os alunos de Instituições de
ensino privadas e que não há diferenças significativas entre as Instituições públicas
e privadas quanto ao uso de métodos substitutivos. Diante destes resultados, faz-se
necessário um esforço de toda comunidade acadêmica, dos docentes, dos
coordenadores e do comitê de ética da escola no sentido de se desenvolver e
implantar métodos didáticos humanitários e eficazes, que possam ir ao encontro das
necessidades e posicionamentos éticos dos estudantes de medicina veterinária.