A oestrose é uma enfermidade parasitária cosmopolita causada por larvas da mosca Oestrus ovis promovendo uma miíase na cavidade nasal e seios paranasais de ovinos e caprinos. O processo inflamatório causado pela larva afeta negativamente a produtividade. Considerada também uma zoonose, promove uma oftalmomiíase temporária pela presença de larvas na conjuntiva ocular. Os estudos do Brasil sobre oestrose estão restritos ás regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do Brasil, onde as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento da mosca em praticamente todos os meses do ano. O trabalho registra surtos de oestrose no Nordeste brasileiro, com descrição e identificação do agente, sinais clínicos, alterações patológicas, obtenção de imago e caracterização climática com sua influência no ciclo biológico da mosca. De janeiro de 2011 a dezembro de 2014 foram diagnosticados 9 surtos de oestrose em ovinos e 2 casos em caprinos no Estado da Bahia. Os animais apresentaram respiração ruidosa e espirro seguido de secreção nasal catarral. Os seios e conchas nasais encontravam-se com hiperemia, edema da mucosa e presença de larvas. Na submucosa encontrava-se infiltrado inflamatório composto principalmente por neutrófilos e eosinófilos, além de edema difuso moderado. As larvas colhidas durante as necropsias foram identificadas como Oestrus ovis. Algumas larvas foram coletadas e acompanhadas durante a fase de pupa para obtenção do imago. Foi realizada análise estatística descritiva e bivariada dos dados de temperatura (máxima e mínima), umidade do ar e chuvas acumuladas durante o período, demonstrado a capacidade de adaptação da mosca com a perpetuação do seu ciclo biológico e a possibilidade de disseminação da doença. Concluiu-se que a oestrose ocorre no Nordeste Brasileiro e as condições climáticas são ideais para o desenvolvimento da mosca e sua disseminação, e a associação com outras doenças pode comprometer a produtividade do rebanho de ovinos e caprinos.