O trabalho é visto como uma condição necessária para subsistência do homem e também como um elemento importante de produção. Ao longo da história, as pessoas com deficiência foram excluídas do campo laboral, pois a sociedade entendia que, devido às condições físicas, sensoriais e/ou mentais, essas
pessoas precisariam de assistência e não eram capazes de produzir. Com a criação da Lei 8.213 em 1991, então denominada Lei de Cotas, o Estado passa a garantir a contratação dessas pessoas por meio de cotas. Em relação às pessoas com deficiência intelectual, estas têm uma porcentagem pequena de inserção no mercado de trabalho comparado as demais deficiências. A partir de algumas experiências profissionais, percebe-se que esses jovens, muitas vezes, vivem em ambientes familiares superprotegidos, que dificultam a
aquisição de independência e autonomia. Entende-se que essa imaturidade pode ser um fator dificultador na inserção destes no mercado de trabalho. Sob esse ponto de vista, compreende-se que a família tem importante função de suporte e apoio à pessoa com deficiência intelectual. Esse estudo teve por objetivo analisar a participação das famílias de jovens e adultos com deficiência intelectual que fazem parte do Programa Ser Eficiente do Centro Espírita Beneficente (CEB) “30 de Julho”, localizado no Município de Santos, durante o processo de inclusão no mundo do trabalho. A metodologia utilizada foi baseada em estudo de caso. A amostra escolhida foram famílias que participam do Programa há mais de um ano, no período de 2010 a 2013. O levantamento foi realizado através do prontuário dos jovens/adultos para
identificá-los. Após esse levantamento, selecionamos as famílias de jovens que estão dentro dos critérios de inclusão. O estudo foi de caráter qualitativo, realizado através de narrativas das famílias referentes ao processo de inclusão no mercado de trabalho. Utilizou-se a análise de discurso para avaliar o material coletado. Os resultados encontrados apontaram que de quatro famílias entrevistadas, duas delegam à instituição os cuidados de seus filhos, ausentando-se desse processo, e duas são conscientes das necessidades do filho, acompanham e o auxiliam nesse processo, tomando para si essa responsabilidade. Nesse sentido, observou-se que os jovens e adultos com deficiência intelectual quando são acompanhados pela família amadurecem mais rápido, dentro de seus limites. Para que aumente a participação familiar
nesse processo foi proposto a criação de espaços para discussões e reflexões em grupo com temas relacionados a superproteção, infantilização e conquista de autonomia no mundo do trabalho.