Sepse é definida como a resposta inflamatória sistêmica desencadeada por uma infecção bacteriana, viral, fúngica ou presença de protozoários associada a sinais de repercussão sistêmica, já a disfunção orgânica é conhecido como sepse grave.
Os efeitos da sepse sobre o sistema cardiovascular podem ser predominantes, ocorrendo desta forma quadro clínico característico de depressão miocárdica, uma das principais causas de morte em cadelas com piometra. Diante disso, objetivou-se nesse estudo avaliar a troponina I como biomarcador de lesão cardíaca na sepse, além de outros parâmetros hematológicos em cadelas com piometra. Foi realizado um estudo prospectivo entre Dezembro de 2013 e Abril de 2015 realizado na Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais. Dezenove cadelas com diagnóstico de piometra e 10 cadelas saudáveis. Os grupos avaliados não diferiram estatisticamente na avaliação da concentração sérica da troponina I cardíaca. A quantidade total de leucócitos (mm3) e porcentagem de bastonetes foi significativamente maior no grupo sepse (23.221,74 ± 16.848,80 mm3 e 5,91 ± 10,18 %) quando comparado ao grupo não sepse (14.492,86 ± 6.828,26 mm3 e 1,93 ± 1,64 %) e grupo controle (10.320,00 ± 3.999,02 mm3 e 1,65 ± 2,05 % respectivamente). Da mesma forma, elevações mais significativas nas concentrações séricas da enzima fosfatase alcalina foram verificadas no grupo sepse (347,72 ± 300,18 U/L) comparado ao grupo não sepse e grupo controle respectivamente (174,71 ± 150,93 e 110,32 ± 41,25). Houve diferença significativa nas concentrações séricas da Proteína C reativa (mg/dL) no grupo sepse (19,57 ± 41,69 md/dL) se comparado ao grupo não sepse (10,29 ± 12,02 mg/dL) e grupo controle (3,60 ± 3,53 mg/dL). Na avaliação da concentração sérica do lactato, houve diferença significativa entre cães com piometra e cães saudáveis, porém não houve diferença significativa entre os grupos sepse e não sepse. Os resultados do presente estudo indicam que a troponina I cardíaca não pôde ser considerada um biomarcador precoce para injúria miocárdica nos casos de cadela com piometra, pois os resultados das mensurações foram semelhantes entre os grupos, inferindo que pode não ter ocorrido lesão dos cardiomiócitos nesta fase. Já a proteína C reativa e o lactato são possíveis marcadores para inflamação sistêmica, uma vez que demonstraram concentrações séricas significativamente maiores em cadelas com piometra.