Há uma tendência mundial para a substituição de animais vivos por métodos
alternativos ou substitutivos, reduzindo o número destes para uso didático
especificamente. A elaboração de métodos variados para realização de aulas de
Cirurgia mantém a educação atualizada e sincronizada com o desenvolvimento de
práticas de ensino contribuindo para o pensamento ético. Alguns destes métodos
substitutivos são: utilização de cadáveres formolizados, modelos sintéticos, como
espumas e bexigas de látex, vísceras e músculos de cadáveres de animais, vídeos
ilustrativos, modelos virtuais, suturas em tecidos, preparação de peças anatômicas,
dentre outros. A habilidade cirúrgica se desenvolve por meio de repetição de
exercícios, razão pela qual, muitas instituições estão adotando simuladores e outros
modelos de treinamento nos Programas de Graduação e Residência médicoveterinária,
permitindo a repetição dos exercícios de forma individualizada. No
presente estudo, utilizou-se o Líquido de Larssen – Larssen modificada (Silva et
al.,2004) - que permite a reutilização de corpos por até quatro vezes, com o objetivo
de se avaliar a preservação de características organolépticas de cadáveres e de
suas vísceras, utilizados no ensino de Técnica Cirúrgica, comparando a preservação
dos corpos com e sem heparinização dos mesmos. Para tanto, foram obtidos 14
corpos de cães, cedidos de forma consensual pelos proprietários, que foram
eutanasiados devido doenças graves ou vieram a óbito de forma natural. Em sete
cadáveres, no momento da eutanásia, utilizou-se heparinização em volume de 5 mL
por via venosa e nos demais sete corpos não. Os animais de ambos os grupos
foram preservados em câmara fria (-12 graus ºC a -8 graus ºC) e retirados 20 horas
antes do treinamento de alunos em técnica cirúrgica dos sistemas digestório,
articular, urinário, respiratório e do globo ocular. Para o treinamento, foram utilizados
residentes médicos-veterinários e alunos do quinto ano da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP). Ao final de cada treinamento, eles responderam a um questionário que avaliou, de forma
empírica, a consistência, coloração, odor e textura dos órgãos abordados, e, assim,
comparar os métodos de preservação, bem como a eficiência do treinamento. Após
a análise dos resultados constatou-se que, diante das condições do experimento,
não houve diferença significativa entre os grupos preservados com ou sem heparina;
verificou-se eficiência no treinamento cirúrgico, elucidando, desenvolvendo e
capacitando os participantes em habilidades motoras fundamentais para a formação
do cirurgião veterinário. Conclui-se que o treinamento cirúrgico torna-se fundamental
e deve ser implementado nas instituições de ensino, sugerindo- que se faça a
conscientização e educação por parte dos proprietários no tocante a doar seus
animais para o ensino médico.