Foram realizados cinco experimentos, sendo dois deles ensaios de metabolismo e dois ensaios de crescimento de coelhos. Estes quatro primeiros experimentos objetivaram avaliar os valores nutricionais, os efeitos sobre o desempenho e a viabilidade da utilização do resíduo desidratado de cervejaria (RDC) e de dois tipos de bagaços de uva, provenientes da produção de suco (BUS) e da produção de vinho (BUV), ambos de uva Bordeaux. O quinto experimento estudou os efeitos do BUV sobre as características quantitativas e qualitativas do sêmen de coelhos reprodutores. No ensaio de crescimento com BUS e BUV, foram avaliadas características de qualidade da carne dos coelhos que receberam dietas com bagaço de uva. No primeiro ensaio de metabolismo, foi avaliado o valor nutricional do RDC. Foram utilizados 40 coelhos com 45 dias de idade, distribuídos em um delineamento inteiramente ao acaso, com quatro tratamentos e dez repetições, sendo uma dieta referência e três dietas teste, as quais, o RDC substituiu a ração referência em níveis de 10, 20 e 30%. Os coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) da matéria seca, da energia bruta e da proteína bruta do RDC foram de 49,97%, 49,34% e 71,06%, respectivamente. O valor de energia digestível foi de 2330,60, com 15,75% de proteína digestível (PD). No experimento que avaliou o desempenho dos coelhos alimentados com inclusão de RDC (0%, 5%, 10%, 15%, 20% e 25%), foram utilizados 120 coelhos da raça Nova Zelândia Branco, 60 machos e 60 fêmeas, com 32 dias de idade, distribuídos em um delineamento experimental inteiramente casualizado, com seis tratamentos e dez repetições, sendo a unidade experimental constituída por dois animais. Não foram observadas diferenças no desempenho dos coelhos alimentados com ração contendo níveis crescentes de resíduo desidratado de cervejaria, exceto para a conversão alimentar aos 70 dias, que apresentou efeito quadrático, com piores resultados ao nível de 16,95% de RDC. No entanto, ao avaliar a relação do custo de ração consumida/ganho de peso, observou-se uma redução linear de custos com alimentação na medida em que se aumentou a inclusão de RDC. No segundo experimento de metabolismo foram determinados os valores nutricionais dos bagaços de uva BUS e BUV. Foram utilizados 30 coelhos Nova Zelândia Branco (NZB), com 45 dias de idade, distribuídos ao acaso, em três tratamentos, sendo uma ração referência mais duas dietas teste, em que os bagaços desidratados foram incluídos na proporção de 25% em substituição da ração referência. Os valores digestíveis de energia do BUS e BUV foram, respectivamente, de 1147,09 e 1172,73 kcal/kg na MS, com proteína digestível de 2,61% e 2,65% e coeficiente de digestibilidade da matéria seca de 69,27% e 69,07%. No experimento que avaliou o desempenho e características da carne de coelhos alimentados com rações contendo níveis crescentes os bagaços de uva BUS e BUV, utilizaram-se 220 coelhos NZB, com 32 dias de idade inicial, distribuídos, ao acaso, em 11 tratamentos com rações, contendo cada um dos bagaços de uva em níveis de 5, 10, 15, 20 e 25%, mais uma ração testemunha sem inclusão de bagaço, com dez repetições e dois animais por unidade experimental. O consumo de ração, o peso vivo e o ganho de peso aumentaram linearmente com a inclusão crescente de ambos os bagaços no período de 32 a 50 dias, porém, com redução dos custos de alimentação apenas com a inclusão de BUS. Considerando-se o período total, de 32 a 70 dias de idade, não houve diferenças entre os tratamentos para as características de desempenho. Os custos de alimentação reduziram com a utilização de ambos os bagaços de uva. O fígado apresentou redução linear no peso e na relação com a carcaça à medida que aumentou a inclusão de ambos os bagaços nas dietas. No experimento de reprodução, que avaliou os efeitos da ingestão do BUV sobre as características seminais, foram utilizados 40 coelhos com seis meses de idade, distribuídos em cinco tratamentos, que consistiram em dietas com a inclusão de bagaço de uva proveniente da produção de vinho tinto, em níveis de 0; 6,25; 12,5; 18,75 e 25%. A inclusão de bagaço de uva promoveu aumento linear da motilidade espermática, da concentração espermática e redução linear nos espermatozoides com morfologia anormal. Com base nos resultados observados nestes experimentos, conclui-se que tanto o resíduo desidratado de cervejaria, como os bagaços de uva provenientes da produção de suco e de vinho, podem ser incluídos nas dietas de coelhos em crescimento, sem prejudicar o desempenho até o nível máximo estudado de 25%. O consumo de BUV pelos reprodutores promove melhorias na qualidade espermática.