O objetivo geral deste trabalho é conhecer a dinâmica do complexo sistema termodinâmico da
cidade de Teresina através do mapeamento de ilhas de calor no seu interior e correlacionar
com os condicionantes climáticos urbanos. Os objetivos específicos estabelecidos foram: a)
Discutir a abordagem climática urbana na perspectiva da ciência geográfica sob a égide da
Teoria Geral dos Sistemas e da Teoria e Clima Urbano; b) Caracterizar o sítio teresinense em
seus aspectos geoecológicos e descrever algumas derivações climáticas já pesquisadas; c)
Analisar derivações climáticas no intraurbano teresinense, manifestadas em cartas de
isotermas e isoígras. O procedimento metodológico compreende mensurações de temperatura
do ar, umidade relativa do ar e velocidade dos ventos em quatro pontos fixos, sendo um
localizado no centro e três nos limites norte, leste e sul da cidade de Teresina. Foram traçados
três segmentos em perfil radial nos sentidos Centro-Norte, Centro-Leste e Centro-Sul para
realização de aferições móveis. Equiparam-se três carros com termo-higrômetros fabricados
pela empresa INCOTERM. Os sensores externos foram acoplados a lateral dos veículos por
hastes de madeira, distando 1,5m do solo. Os automóveis partiram do centro da cidade,
simultaneamente, na direção dos pontos fixos nos limites urbanos. No total, distribuíram-se
90 pontos de medições de temperatura do ar e umidade relativa do ar ao longo dos segmentos.
As aferições seguiram horário padrão da Organização Mundial de Meteorologia e Instituto
Nacional de Meteorologia, isto é, 9h, 15h e 21h (1200, 1800 e 0000 UTC) e foram realizadas
nos dias 03, 05, 07, 10, 12 e 14 de março e 17, 19, 22, 24, 26, 29 de outubro de 2013. Os dias
eleitos para as mensurações climatológicas contemplam duas sazonalidades diferentes no que
concerne ao conforto térmico. Teresina possui clima tropical-equatorial com seis meses secos.
O mês de março possui os maiores índices pluviométricos e menores temperaturas, ao passo
que outubro é o mais seco e quente, segundo a análise das normais climatológicas dos anos de
1977 a 2009. Os dados colhidos em campo foram tabulados e transformados em cartas de
isotermas e isoígras. Mapearam-se ilhas de calor de amplitude, entre a máxima e mínima, de
6,5°C no dia 22 de outubro, no período noturno, e 5,1°C, período diurno, no dia 24 de outubro
de 2013. Os resultados alcançados permitiram visualizar a cidade de Teresina como
condicionante de alterações atmosféricas. Verticalização, adensamento de construções,
circulação de veículos automotores, ausência de arborização e corpos hídricos estão presentes
na discussão. Demonstraram-se esses elementos como capazes de gerar microclimas e
produzirem ilhas de calor. Como contribuição da pesquisa, destaca-se o direcionamento de
políticas públicas que visem o conforto térmico. A construção de vias expressas que visem
impedir o congestionamento de veículos automotores, arborização das vias públicas com
árvores de copas abertas e geometria urbana que permita a circulação de ar são algumas
sugestões deste trabalho para melhorar a qualidade de vida da população teresinense.