A Luehea divaricata é uma planta usada na medicina popular brasileira com finalidades
diversas, sobretuto anti-inflamatória, antianêmica e diurética. Considerando-se os seus
usos etnofarmacológicos, realizou-se este estudo com o objetivo de conhecer os
constituintes químicos e a toxicidade aguda e subcrônica do extrato etanólico formulado
a partir das cascas do caule de L. divariacata (EtOH-Ld), bem como a atividade
antinociceptiva das frações acetato (AcOEt) e aquosa do EtOH-Ld, de modo a
possibilitar informações sobre os seus possíveis mecanismos de ação. O estudo
fitoquímico evidenciou, nas frações AcOEt e aquosa, a presença de taninos,
antocianidinas, antocianinas, fenóis, leucoantocianidinas, saponinas, triterpenos e
alcaloides. Na verificação da toxicidade aguda, dois grupos de camundongos, cada um
com seis animais, foram tratados com EtOH-Ld, nas dosagens de 300 e 2000 mg/kg,
respectivamente. E na toxicidade subcrônica, quatro grupos com seis ratos cada um,
foram tratados com o veículo e com o EtOH-Ld nas dosagens de 100, 500 e 1000
mg/kg. Para avaliar a atividade antinociceptiva das frações AcOEt e aquosa realizaramse
os seguintes testes: formalina e placa quente, utilizando camundongos Swiss machos,
divididos em seis grupos de seis animais, que foram tratados com ambas as frações, nas
dosagens de 100 e 200 mg/Kg, por via oral. Para verificar a participação dos sistemas
serotoninérgico, colinérgico muscarínico e dopaminérgico, o que permite inferência
sobre o mecanismo de ação, utilizou-se o teste de formalina. Os resultados foram
submetidos a análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey
(p<0,05). Em relação à toxicidade aguda, os animais não expressaram alterações
comportamentais em nenhum grupo e, na avaliação da toxicidade subcrônica, não foram
vistas alterações dignas de nota no fígado, baço e rins, bem como, não foram
evidenciadas diferenças entre os grupos tratados e não tratados no perfil bioquímico
(p<0,05). O EtOH-Ld, nas diferentes doses estudadas, apresentou atividade
antinociceptiva nas frações acetato e aquosa, sendo mais significativa (p>0,05) a fração
aquosa na dosagem 200 mg/kg, nos testes de formalina e placa quente. A fração aquosa
(200 mg/kg) do EtOH-Ld, mostrou melhor resposta pela via colinérgica muscarínica.
Assim, pode-se concluir que o EtOH-Ld não apresenta manifestações clínicas de
toxicidade aguda e crônica, sendo que a fração aquosa, na dosagem de 200 mg/kg,
proporciona melhor efeito antinociceptivo.