O objetivo desse trabalho foi revisar a temática do uso de animais no ensino da medicina veterinária, identificando os métodos substitutivos existentes, bem como avaliar a percepção dos alunos em relação às práticas com animais vivos. Além disso, propor um protótipo para substituir a prática de colheita de sangue nas aulas, economicamente viável e funcional, que foi avaliado por professores, médicos veterinários, residentes e estagiários do hospital veterinário das Faculdades Metropolitanas Unidas. Com base na revisão sobre o tema observou-se que a utilização de animais vivos como recurso didático tem sido discutida e questionada sobre muitas perspectivas. Essa prática é defendida por docentes que acreditam na construção de conceitos por meio da manipulação dos animais, porém é questionada por outros educadores e profissionais, por meio de argumentações de ordem ética, técnica e psicológica, não havendo assim um consenso. Apesar da existência de alternativas, alguns procedimentos cirúrgicos em animais são considerados por alguns essenciais para a formação do profissional por proporcionarem ao estudante desenvolvimento da habilidade cirúrgica e treinamento emocional. Por outro lado, evidencia-se que o uso abundante e desnecessário em diversas situações torna-se alvo de críticas e questionamentos, por poder indicar aos alunos que animais são itens descartáveis, como qualquer material didático, desencadeando um processo de “dessensibilização” dos estudantes quanto ao sofrimento dos animais. As técnicas que visam a substituição dos animais no ensino vêm sendo utilizados no mundo todo, o que gera uma pressão cada vez maior da sociedade em geral contra o uso de animais vivos como recurso didático. Todavia, para que estes deixem de ser utilizados, torna-se necessária a identificação de recursos substitutivos realmente funcionais, que propiciem aprendizado eficiente e satisfatório. Ainda não está claro, quais as dificuldades encontradas para a supressão definitiva dessas práticas e quanto isso pode influenciar a formação dos alunos de medicina veterinária. A maioria dos alunos entrevistados neste estudo apontou posicionamento de desconforto com a utilização dos animais em aulas práticas, e simpatizantes à adoção de métodos substitutivos, e ainda, conseguiram identificar diversos problemas de ordem ética no uso de animais no ensino, onde os mesmos deveriam ser substituídos por completo, sempre que possível. Todavia, esses alunos relataram que desconhecem tais métodos. Assim, observou-se que mais informações e discussões sobre o tema são fundamentais para fomentar uma visão crítica sobre esse assunto. Os alunos se mostraram abertos a novas perspectivas, sendo então possível a proposta de implementar métodos substitutivos nas aulas práticas. O modelo substitutivo proposto e avaliado apresentou bom grau de aceitação, mimetizou satisfatoriamente o procedimento e foi eficaz na simulação da prática de colheita de sangue venoso em cães, no desenvolvimento de habilidades táteis e visuais, bem como do posicionamento para o procedimento realizado, além de ser viável economicamente, permitindo sua aplicação em qualquer instituição de ensino. A adoção de métodos substitutivos ao uso de animais é uma prática ética, legal e de respeito e cuidado para com a vida, sendo assim uma tendência que se mostra importante para que ocorra a reestruturação das práticas de ensino.