REIS, C.N. DSc.; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; Março de 2015. Estudo Químico e Avaliação da Atividade Antineoplásica de Annona muricata L. Professora Orientadora: Daniela Barros de Oliveira, D.Sc.; Banca Avaliadora: Lara Fonseca Barbosa Siqueira. D.Sc.; Milton Masahiko Kanashiro, D.Sc.; Silvia Menezes de Faria Pereira, D.Sc.
Este trabalho foi realizado no Laboratório de Tecnologia de Alimentos do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, em conjunto com o Laboratório de Biologia do Reconhecer do Centro de Biociências e Biotecnologia e com o Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, RJ. O objetivo deste trabalho foi ampliar o conhecimento acerca do perfil químico da polpa dos frutos de Annona muricata L., investigando também seus parâmetros físico-químicos, bem como identificar as substâncias bioativas presentes no âmbito de ação antineoplásica, o que em tese pode justificar seu uso popular como alimento funcional. Para a obtenção do extrato aquoso, a polpa dos frutos foi separada das sementes e cascas e submetida à extração com água na proporção de 75% (p/v). Os fracionamentos cromatográficos foram realizados com o intuito de se identificar as substâncias presentes. O conhecimento do perfil químico a partir da purificação do extrato aquoso conduziu à identificação de AM-1 e AM-2 (D-glicopiranose e D-glicopiranose), AM-3 (ácido palmítico e ácido oleico) e AM-4 (dietil-ftalato). O extrato aquoso, o sobrenadante e os padrões químicos foram avaliados quanto à sua atividade antioxidante por metodologias distintas (DPPH e FRAP) e observou-se que ocorre intensificação da capacidade de sequestro de radicais livres com a purificação. A partir das análises físico-químicas identificou-se como carboidratos presentes na polpa dos frutos a glicose (2,047 g/100g) e a frutose (2,892 g/100g), o teor estimado de vitamina C com base na curva padrão foi de 2,17mg/100g e o percentual de umidade foi de 85,1%. O teor de proteína bruta “in natura” foi de 0,91 g/100g, enquanto que o de proteína bruta seca foi de 6,5 g/100g. Já o valor estimado de fibras foi de 1,7 g/100g e 11,5 7 g/100g para amostra “in natura” e seca, respectivamente. Os sólidos solúveis foram 13,2 ºBrix. Foram detectados os minerais: Ca (1,2 g/Kg), Cu (4,9 mg/Kg), Fe (19,9 mg/Kg), K (1,2 mg/Kg), Mg (1,2 g/Kg), Mn (5,2 mg/Kg), P (1,2 g/Kg), Zn (4,5 mg/Kg) e B (7,8 mg/Kg), sobressaindo-se o boro pelo seu elevado teor encontrado, bem como pela sua relação com a prevenção da osteoporose e atividade antineoplásica, dentre outras funções. Nos ensaios para análise da atividade antineoplásica verificou-se que apenas AM-3 e AM-4 provocaram a morte celular nas linhagens testadas, sendo que em um screening realizado verificou-se que esta atividade ocorreu também nas frações que originaram AM-3 e AM-4, sendo que durante o processo de purificação houve a intensificação do efeito biológico de morte celular. Logo, pode-se verificar que os ácidos oleico e palmítico, bem como o dietil-ftalato, interferem na viabilidade celular em células tumorais. Diante dos resultados obtidos pode-se inferir que há fundamento na utilização popular da A. muricata para o tratamento de neoplasias e que esta utilização deve ser concomitante aos tratamentos tradicionais (quimioterapia e radioterapia) e realizada com cautela, sendo necessários mais estudos para a averiguação e o isolamento de todas as substâncias presentes nos frutos de A. muricata L. que possam corroborar para a definição deste alimento como funcional.