O objetivo dessa pesquisa foi avaliar as implicações da disponibilidade de espaço no bem-estar, desempenho e qualidade de carcaça e carne de bovinos de corte confinados. Foram confinados 1350 machos inteiros em três disponibilidades de espaço: 6 (T6), 12 (T12) e 24 (T24) m2/animal. Todos os animais receberam a mesma dieta. Foram utilizados indicadores de bem-estar animal com base no ambiente (escore de poeira e profundidade da lama) e com base nos animais, sendo parte destas medidas realizada com os animais alojados nos currais do confinamento, como as medidas de indicadores comportamentais (número de animais em pé, deitado, ou no cocho), de conforto (grau de sujidade dos animais), e de saúde (número de tosses e espirros por minuto, porcentagens de animais com diarreia, alteração de cascos, problemas de locomoção, alteração de tegumento, e com corrimentos nasal e ocular), e parte após o abate dos animais, no frigorífico, avaliando-se indicadores de saúde, com o diagnóstico macroscópico de vísceras (porcentagem de animais com bronquite, enfisema pulmonar, nefrite e cisto urinário), e indicadores de estresse, com a coleta das glândulas adrenais direita e esquerda de 20% dos animais de cada tratamento (medindo o peso e as áreas cortical e medular). Foram avaliados também indicadores de desempenho (peso final, ganho de peso médio diário, peso da carcaça quente) e de qualidade das carcaças (número e severidade dos hematomas e grau de acabamento de gordura) e da carne (pH). Em geral, os resultados mostraram que o T24 ofereceu melhores condições ambientais para realizar a fase de terminação dos bovinos que os demais tratamentos, evidenciada pela menor frequência de ocorrência de poeira e profundidade da lama (P < 0,01), menores porcentagens de animais com corrimentos nasal e ocular e com problemas de locomoção (P < 0,05), além de menor porcentagem de animais com diagnóstico de bronquite, enfisema pulmonar, nefrite e cisto urinário. Além disso, T24 apresentou maior ganho de peso médio diário (P < 0,01), menor número médio de hematomas novos e superficiais por carcaça, e também menores médias de peso e da área cortical da glândula adrenal (P < 0,01). Apesar de T6 ter apresentado maior resultado de pH da carne (P < 0,05), e haver diferença significativa na frequência de distribuição dos escores de acabamento de gordura (P < 0,05), todos os tratamentos apresentaram médias de pH e acabamento de gordura dentro do que é esperado para assegurar uma boa qualidade da carne. Conclui-se que aumentar a disponibilidade de espaço para bovinos de corte em confinamento reduz o estresse, favorece o bem-estar animal e melhora o desempenho e a qualidade das carcaças dos animais.