Esta dissertação tem como principal eixo temático a investigação do Movimento dos Docentes da Educação Superior, tendo como marco cronológico a greve de 2012 e o período de implementação do REUNI. O estágio atual do capitalismo, que atravessa uma crise estrutural, faz com que a burguesia utilize instrumentos de obtenção do consenso da classe trabalhadora e sua adesão ao projeto burguês de sociabilidade, na qual a educação possui um papel fundamental. Sendo assim, estabelecer a relação entre essa política educacional, apresentada pelo governo federal como um marco no processo de expansão e democratização do acesso à Educação Superior, e a greve dos docentes da Educação Superior em 2012, que possuía como uma de suas principais reivindicações a melhoria nas condições de estudo e trabalho, é um passo importante não apenas para entender o papel que a Universidade cumpre atualmente na estrutura socioeconômica em vigor, mas o patamar que se encontra a luta de classes no Brasil. A utilização das mediações é relevante para compreender de que maneira a estrutura global capitalista se materializa em nosso cotidiano, em um país de inserção periférica na ordem mundial, o que fizemos por meio da Teoria Marxista da Dependência, assim como compreender de que forma uma política mais geral, o REUNI, se materializa no contexto específico de uma Universidade, a UFF. Neste caso, para além de investigar as diretrizes mais gerais do projeto do REUNI, também buscamos por meio dos documentos emitidos pela Universidade, e em estudos realizados anteriormente, os marcos de sua expansão precarizada, realizando uma análise à luz do materialismo histórico e dialético. Dentre as mediações que determinam uma realidade particular, está aquela que entendemos ser a central no sistema capitalista, cindido em duas classes, burguesia e trabalhadores, que é a luta de classes. Destarte, a análise da implementação do REUNI não pode prescindir dos movimentos de resistência no seio da Universidade, que alteraram elementos importantes do projeto original, ainda que não tenham atingido a sua essência. Por fim, há a greve de 2012 que obteve uma grande repercussão a nível nacional, paralisando 95% das IFES, sendo o ápice do movimento de resistência dos trabalhadores envolvidos no processo de ataque às condições de trabalho promovido pelo governo federal.