As políticas de permanência na educação superior pública ganharam visibilidade a partir do primeiro governo Lula, demarcadas principalmente pelo Programa de Apoio a Planos de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (Reuni) e o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), ambos aprovados no ano de 2007. Nessa perspectiva, esta pesquisa analisa os fatores que determinam a permanência do estudante na educação superior pública, com ênfase no curso de Enfermagem do Campus Universitário de Sinop, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), buscando identificar o perfil socioeconômico educacional desses concluintes e os fatores que se apresentam como ameaçadores da permanência no trajeto universitário. Tratou-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, em que a coleta de dados empíricos deu-se em dois momentos. Primeiramente, por meio da aplicação de um questionário estruturado a 20 concluintes do primeiro semestre letivo de 2014 do referido curso, dentre o universo de 32 sujeitos. A fim de complementar e aprofundar esses dados, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, gravadas e transcritas, com três acadêmicos que haviam respondido ao questionário. Observou-se que o perfil predominante dos estudantes que conseguiram permanecer no curso de Enfermagem desse Campus interiorizado foi o de mulheres com idade entre 18 e 24 anos, brancas e pardas, solteiras, que não possuíam filhos, provenientes de cidades do estado de Mato Grosso, que possuíam meio de transporte próprio, não trabalhavam, eram os primeiros membros da família a cursar esse nível de ensino, tendo as mães maior nível de instrução que os pais, cursaram o ensino fundamental e médio total ou predominantemente em escola pública, possuíam renda mensal per capita de até 1,5 salário mínimo, e, finalmente, manifestaram-se decididos quanto à escolha da profissão. Com relação aos fatores que favoreceram a permanência na universidade, encontram-se: o incentivo e o apoio familiar, a satisfação com a qualidade do curso e do quadro docente, a participação em ações qualificadoras do ensino (monitoria, pesquisa e extensão), o acompanhamento pelos programas de assistência estudantil e o relacionamento estabelecido entre professor e discente. Tratando-se dos fatores que ameaçaram a permanência desses estudantes durante o trajeto universitário, se destacam a condição de estudante trabalhador, as dificuldades encontradas nos semestres iniciais do curso, a estrutura deficiente do Campus, a inexistência de um processo de recepção e acolhimento, a ausência de suporte psicológico especializado, a insuficiência na assistência estudantil e a redução da qualidade de vida no tempo de graduação. Nesse cenário, destaca-se a centralidade do professor, tanto na proposição e acompanhamento das ações qualificadoras do ensino, quanto na postura e conduta relativas ao acolhimento discente. Conclui-se que a política de assistência ao estudante da UFMT preconiza o atendimento ao discente com vulnerabilidades socioeconômicas, disponibilizando, predominantemente, modalidades de auxílio financeiro como suporte à permanência. Observa-se, em suma, a importância das ações institucionais voltadas à permanência, considerando as ações qualificadoras do ensino em geral, bem como o suporte financeiro.