A presença de resíduos de produtos farmacêuticos de uso humano e veterianário no meio ambiente tem sido motivo de preocupação na comunidade científica. Um desses produtos é o agente anti-helmínticoTiabendazol (TBZ), amplamente usado na medicina veterinária e na agricultura. Os dados referentes ao comportamento do TBZ em solos brasileiros são escassos, e a extrapolação de dados oriundos de outras regiões não é coerente devido às especificidades do clima e dos solos de cada região. A sorção do TBZ foi avaliada seguindo as recomendações do guia 106 da OECD, e sua quantificação nas soluções de solos foi feita por espectroscopia UV (299 nm). Além disso, foram realizados estudos cinéticos e construção de isotermas, para quatro solos do estado de São Paulo, Neossolo Quartzarênico (N1), Latossolo Vermelho (N2), Latossolo Vermelho-Amarelo (S1) e Argilossolo Vermelho-Amarelo (S2). A distinção de comportamento cinéticos nas duas faixas de pH, onde predominam formas distintas do TBZ (catiônica e neutra), reforça a diferenciação dos mecanismos de sorção em função do pH. Três modelos de isotermas foram testadosem três faixas de pH (2,5 a 3,0; 3,8 a 4,2 e 5,5 a 5,7) – Freundlich, Langmuir e partição hidrofóbica. As isotermas de partição hidrófóbica apresentaram altos coeficientes de correlação (r2 > 0,97), nas três faixas de pH, no entanto, devido ao caráter ionizável do TBZ as correlações não podem ser relacionadas diretamente a hidrofobicidade do composto. As isotermas de Freundlich apresentaram correlações > 0,97, para as três faixas de pH. Os valores de KF mostraram que a especiação do TBZ, promovida pelo pH, influencia em sua capacidade de adsorção nos solos. O solo N1 apresentou a menor capacidade adsortiva nas três faixas de pH, o N2, a maior, nas duas faixas mais baixas e o solo S1, a maior capacidade na faixa de pH 5,5 a 5,7. As isotermas de dessorção apresentaram valores de KF superiores à etapa de adsorção. Os resultados obtidos indicam que o TBZ apresenta boa mobilidade nos perfis dos solos estudados, podendo acarretar riscos aos recursos hídricos. E a fração que permanece retida pode oferecer riscos a microbiota do solo, considerando que medicamentos são projetados para serem eficientes mesmo em baixas concentrações.