A presente pesquisa tem como objeto de estudo os discursos sobre leitura, escrita e gramática, no contexto da disciplina voltada para as Metodologias de Ensino de Língua Portuguesa (MELPs), na UERN. Investiga, assim, a compreensão de professores de Didática da Língua Portuguesa (DLP), do Campus Avançado Profª Maria Elisa de A. Maia CAMEAM, e do Campus Central, acerca do ensino da Língua, tendo em vista suas percepções sobre as práticas de ensino de leitura, de escrita e de gramática. Para tanto, fundamentamo-nos em estudos realizados por Geraldi (1996; 1997), Travaglia (2008), Solé (1998), Kleiman (2009), Mendonça (2006b) e Antunes (2003; 2007; 2009), entre outros pesquisadores, a fim de darmos conta de questões sobre ensino, língua, leitura, escrita e gramática. Metodologicamente, a pesquisa orienta-se pelos estudos de Bodgan e Biklen (1994), Lüdke e André (1986), Triviños (1987), May (2004), Alves-Mazzotti e Gewandsnajder (1998), Gressler (2004), Gil (2008), Lakatos e Marconi (1991), Cervo e Bervian (2002), entre outros. Cabe ressaltar que, indutivamente, a nossa fundamentação teórica foi sendo construída basicamente a partir dos dados coletados durante a pesquisa. A análise, de base qualitativa/interpretativista, dos discursos dos professores de DLP, materializados nos Programas Geral do Componente Curricular (PGCCs) e nas entrevistas semiestruturadas que constituem o nosso corpus, permitiu-nos constatar que o ensino da Língua Portuguesa é compreendido pelas professoras formadoras numa perspectiva que põe em relevo a interação social, uma vez que as práticas de linguagem são percebidas semelhantemente por elas da seguinte forma: (i) a leitura é percebida enquanto produto da interação social, em que o sentido do texto é construído levando-se em conta, além do autor e do leitor, os diferentes contextos socioculturais e, ainda, a ativação dos diversos tipos de conhecimento; (ii) a escrita é entendida enquanto atividade processual de produção de textos - produto de uma série de revisões - e baseada nos gêneros textuais; e (iii) a gramática é pensada numa visão interacional, atentando-se para a prática da análise linguística como forma de se trabalhar os fenômenos linguísticos, levando-se em conta os efeitos de sentido no texto e os usos da língua. E que o ensino dessas práticas constitui o enfoque dado à disciplina, como foi evidenciado nos planos de ensino das professoras.