O objetivo do trabalhofoi avaliar os efeitos de fontes de ácidos graxos insaturados para vacas leiteiras no período seco sobre a dinâmica e bio-hidrogenação ruminais e fluxo intestinal de ácidos graxos. Foram utilizadas 8 vacas secas da raça Holandesa, canuladas no rúmen e abomaso (614 ± 59 kgde peso corporal; média ± dp), agrupadas em dois quadrados latinos 4 x 4 contemporâneos e balanceados, alimentadas com as seguintes dietas: 1) controle(C), dieta a base de milho e farelo de soja; 2) óleo de soja refinado (OS) com inclusão de 3,0% na MS total; 3) Grão de soja cru e integral (GS), com inclusão de 16,0% na MS total; e 4) Sais de cálcio de ácidos graxos insaturados (SC), com inclusão de 3,2% na MS total. Os consumos de MS, MO, PB, FDN e NDT não diferiram (P>0,05) entre tratamentos. Dietas com fontes lipídicas tiveram maior consumo de EE (0,72 vs 0,30 kg/dia)e menor consumo de CNF (3,91 vs 4,40 kg/dia) quando comparadas ao controle. As digestibilidades da MS, MO E FDN foram maiores (P<0,05) no tratamento controle em relação aos tratamentos com adição lipídica. Já em relação ao EE, a digestibilidade da dieta C foi menor (P<0,001) que nos demais tratamentos (84,88% vs 86,93%) . A concentração de N-NH3 foi maior (P<0,05) para os animais que receberam a dieta C em relação às dietas com inclusão de lipídios (20,39 vs 17,49 mg/dL). A dieta C apresentou as menores concentrações de propionato (P=0,001) em relação às fontes lipídicas. Já a dieta OS apresentou maiores concentrações de propionato (P<0,05) em relação às dietas GS e SC. A relação acetato:propionato (C2/C3) foi maior (P<0,05) na dieta controle (4,13) do que nas dietas com suplementação (3,81). A síntese de proteína microbiana e os balanços de energia e nitrogênio não foram influenciados pelas dietas experimentais. Animais que receberam dietas com suplementação lipídica apresentaram maiores valores decolesterol total e colesterol HDL no sangue (P<0,05). A dieta OS teve menores taxas de digestão ruminal (P<0,05) para MS, FDN e FDNpd quando comparadas com GS e SC. A dieta GS teve menores taxas de passagem (P<0,05) da MS, FDN e FDNpd em relação à dieta com SC (2,38%/h; 1,65%/h; 1,42%/h vs 2,91%/h; 1,96%/h; 2,09%/h, respectivamente). Adigestibilidaderuminal da FDN em kg/dia e em porcentagem foram maiores (P<0,05) para GS do que para SC (2,83 kg/dia e 51,38% vs 2,48kg/dia e 44,50%, respectivemente). O consumo e o fluxo totais de AG foram maiores (P<0,05) em dietas com lipídios. As taxas de bio-hidrogenaçãodos ácido graxos C18:1 cis e C18:3 não foram diferentes estatisticamente entre as dietas (P>0,05), independentemente do tratamento avaliado, e na média geral 98,97 % e 88,99 % desses ácidos graxos, respectivamente, foram bio-hidrogenados no rúmen. A taxa de bio-hidrogenação do C18:2 na dieta OS foi maior (P<0,05) quando comparada às fontes protegidas (98,43 % vs 96,85%). O grão de soja mostra-se uma alternativa viável como fonte lipídica protegida para utilização em vacas no período seco, quando há o intuito de aumentar o aporte de ácidos graxos insaturados no intestino, principalmente 18:2, sem haver, contudo, prejuízo na digestibilidaderuminal da fibra.