Introdução: O Curso Médico compreende uma última etapa de treinamento prático obrigatório em serviços de saúde, livre de disciplinas, denominado internato. Divididos em grupos, os estudantes geralmente cumprem rodízios nas áreas de Clínica Médica, Pediatria, Ginecologia / Obstetrícia, Cirurgia e Saúde Coletiva. Nestes cenários, o preceptor é o profissional do serviço, ligado ou não à Universidade, que acompanha os internos e torna-se responsável pela mediação do processo de ensino-aprendizagem da medicina em situações da prática cotidiana. Objetivo:
Caracterizar e discutir a função do preceptor do internato médico na formação dos futuros profissionais, na ótica dos preceptores do Curso Médico da Universidade Federal de Rondônia (Unir) Metodologia: A pesquisa, com características qualitativas, coletou dados por meio de entrevistas semiestruturadas com treze preceptores atuantes em Serviços integrantes do internato médico da Unir. Os resultados foram estudados segundo aproximações de sentidos. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética Médica da Unifesp, tendo os participantes assinado um Termo de Responsabilidade. Resultados e Discussão: Os papéis que o preceptor desempenha foram estudados em analogia com as aprendizagens fundamentais que constituem os pilares do conhecimento citados por Jacques Delors: “aprender a aprender”, “aprender a fazer”, “aprender a viver juntos e a conviver” e “aprender a ser”. Desta forma, o preceptor atua respectivamente como docente, ao ofertar oportunidades adequadas para o aprendizado prático, resgatando os conceitos teóricos anteriormente aprendidos e promovendo sua integração à prática. Supervisionam a execução de procedimentos e orientam o raciocínio clínico, motivando e estimulando o pensamento crítico-reflexivo, bem como responsabilizando os internos para a execução de suas atribuições. Nos cenários de práticas, até então inéditos para os alunos, o preceptor atua como um socializador, ao promover a articulação dos internos aos processos de trabalho, de acordo com as lógicas próprias dos Serviços. Um outro papel bastante valorizado diz respeito ao direcionamento da formação ética dos internos, tanto por meio de sugestões e discussões, como atuando como um modelo profissional. Conclusões: Os preceptores mostraram-se conscientes dos múltiplos papéis que desempenham, valorizando não apenas sua atuação educadora mas também a reflexão de sua própria prática. Entretanto, ressentem-se do pouco apoio recebido pela Universidade, principalmente no que diz respeito à capacitação para suas atividades como formadores, em uma fase crítica do aprendizado dos futuros médicos.