Objetivo. Verificar a variação comportamental e eletrofisiológica (P300) do processamento auditivo, antes e após diferentes abordagens em adultos, com e sem distúrbio do processamento auditivo. Métodos. Participaram do estudo 21 jovens adultos, com idades entre 18 e 27 anos, sendo 10 sem distúrbio do processamento auditivo (Grupo Comparação) e 11 indivíduos com este distúrbio (Grupo Estudo). Os indivíduos do grupo estudo foram reunidos em três subgrupos segundo a abordagem e denominados GE1, GE2 e GE3. Os indivíduos do GE1 também foram submetidos a uma intervenção placebo e denominados nesse momento GE4. Todos os indivíduos foram submetidos, em dois momentos, à avaliação comportamental do processamento auditivo que avaliaram as habilidades de localização, fechamento, figura-fundo, ordenação e resolução temporal, e avaliação eletrofisiológica, por meio do potencial evocado auditivo de longa latência (P300). Um subgrupo com distúrbio foi selecionado aleatoriamente para a abordagem denominada sem intervenção, grupo estudo 1 (GE1). O GC e o GE1 foram orientados a aguardar em torno de um mês para serem reavaliados. Outro subgrupo com o distúrbio foi selecionado para participar do programa de treinamento auditivo acusticamente controlado (TAAC) durante oito sessões, grupo estudo 2 (GE2). Outro subgrupo com distúrbio foi adaptado com o sistema FM dinâmico, para uso em sala de aula de 4 a 10 semanas, grupo estudo 3 (GE3). Os mesmos indivíduos do GE1, em um segundo momento, participaram de uma abordagem de escuta passiva por um período de quatro semanas, grupo estudo 4 (GE4). Resultados. Na avaliação inicial as piores respostas para os testes comportamentais foram verificadas no grupo estudo. Na segunda avaliação as piores respostas para os testes comportamentais, com diferenças estatisticamente significantes, foram mantidas nos grupos sem intervenção (GE1) e com uso do sistema FM (GE3), enquanto que o grupo que fez o TAAC (GE2) apresentou respostas similares às do grupo comparação, demonstrando melhora e normalização das habilidades auditivas. Quando comparadas as habilidades auditivas no mesmo grupo, avaliadas em dois momentos, foram verificadas: melhora na habilidade de resolução temporal do grupo comparação (GC); melhora nas habilidades de ordenação temporal para uma sequência de sons com diferentes frequências e resolução temporal no grupo que não sofreu intervenção (GE1); melhoras nas habilidades de fechamento, figura-fundo, ordenação e resolução temporal, bem como na diminuição da latência da onda P300 com estímulo de fala, indicativo de aprimoramento na velocidade do processamento de fala, no grupo que fez o TAAC (GE2); melhora em figura-fundo para sons verbais e resolução temporal, com piora em fechamento, houve variação importante com diminuição da latência, para estímulo não verbal e o para estímulo verbal, em dois indivíduos que utilizaram o FM (GE3); o efeito placebo não apresentou respostas positivas em seus resultados (GE4). Conclusão. O programa de TAAC foi eficaz na melhora significativa das habilidades auditivas e da integridade funcional da via auditiva através da medida eletrofisiológica com estímulo de fala. A utilização do sistema FM interferiu em mudanças neurais positivas, com menores respostas de latência em dois indivíduos, sugerindo um processamento cogntitivo mais rápido.