Este trabalho expõe os valores como objetos ideais, mas que, na medida em que são relacionados a bens, se tornam materiais, isto é, manifestam-se em bens. Assim, também, são objetivos, isto é, encontram-se no contexto da vida propriamente, e não em nossa subjetividade, pois nesse caso cairíamos no chamado subjetivismo, o que não é o que se observa no quotidiano. Os valores que um homem pode lograr estão intrinsecamente relacionados às suas qualidades de valor, sendo completamente indiferente sua direção de “idealização”, pois, se ele quer idealizar o valor, antes ele o vê, e é indiferente se ele vê como algo finito ou infinito a respectiva qualidade. Os valores têm uma estrutura polar que lhe é essencial, uma polaridade, consistente numa oposição entre os valores positivos e negativos, entre valor e desvalor, a ordem axiológica, de tal forma que a um valor positivo corresponde um valor negativo, independente de que sintamos ou não as peculiares antíteses entre valores positivo e negativo, como belo-feio, bom-mau, agradável-desagradável, justo-injusto etc., aspecto este desconhecido na ordem geral do “ser”. Mas o desvalor não implica a supressão ou ausência do valor, pois o que é eliminado é simplesmente a positividade do valor, não o valor, de tal forma que valor e desvalor acham-se, ambos, cada um por si mesmo, dentro da ordem dos valores. Assim, por exemplo, o desagradável não elimina o agradável. Valores são fenômenos radicais e irredutíveis da intuição sentimental. Erroneamente prevalece na Filosofia a convicção tenaz de que os valores são apenas uma espécie de “consciência de algo” dada pela “percepção sentimental”, manifestados exclusivamente na intuição interna, como meros “fenômenos de consciência”.
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