Esta dissertação teve como questão-problema: que relações se pode estabelecer entre os
Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola e o processo de individuação sob a
perspectiva de Carl Gustav Jung? Definiu-se como objetivo geral identificar possíveis
influências psicológicas produzidas pelos Exercícios Espirituais sobre o processo de
individuação na perspectiva teórica da Psicologia Analítica, e como objetivos específicos
analisar sob a perspectiva do conceito de crenças em Psicologia, os Exercícios Espirituais;
contextualizar o conceito de individuação na proposta teórica de Jung; Identificar aspectos
cognitivos e afetivos envolvidos na Psicologia Analítica e nos Exercícios Espirituais de
Santo Inácio, relacionando-os com o processo de individuação; identificar possíveis relações
entre os Exercícios Espirituais e o processo de individuação. A motivação por este tema
ocorreu quando a pesquisadora trabalhava em uma escola jesuíta que praticava os EE com
toda a comunidade escolar. Ao ouvir os relatos dos alunos e ao conversar com adultos que
vivenciaram os EE na vida cotidiana, a pesquisadora constatou que todos os exercitantes
relatavam muitos benefícios psicológicos para aqueles que os praticavam constantemente.
Espera-se que este trabalho, possa ser relevante para estudantes e profissionais das áreas de
Psicologia, Educação, Teologia, Filosofia e demais pessoas interessadas em estudar
espiritualidade e desenvolvimento pessoal. Quanto à metodologia, optou-se pela investigação
empírica qualitativa, a partir de pesquisa bibliográfica que se baseou, principalmente, nas
obras de Loyola e Jung. A pesquisa de campo utilizou entrevistas em profundidade
semiestruturadas, realizadas com seis praticantes dos Exercícios Espirituais, cujos dados
foram trabalhados através da técnica de análise categorial proposta por Bardin. Os resultados
obtidos mostraram que os Exercícios Espirituais, embora tenham somente finalidade
espiritual, contribuíram para que seus praticantes identificassem suas personas (máscaras),
entrassem em contato com suas sombras, adquirissem maior autoconhecimento havendo,
consequentemente, uma mudança de pensamento e de atitude, próprias do processo de
individuação. Como conclusão, pode-se afirmar, a partir dos relatos dos participantes, que os
Exercícios Espirituais contribuem sim para o desenvolvimento psicológico do exercitante,
possibilitando que ele se conheça melhor e tenha condições de desenvolver uma
personalidade integrada, autônoma, singular e coerente, ou seja, contribuem para o processo
de individuação.