O camarão-da-Amazônia - Macrobrachium amazonicum - é uma espécie endêmica da região amazônica e é largamente explorada pela pesca artesanal. O presente estudo objetivou compreender o grau de divergência morfológica entre os estoques e os sexos, bem como avaliar a influência dos fatores abióticos sob as dimensões corporais da espécie em três locais da região hidrográfica Tocantins-Araguaia, com diferentes graus de exposição ao mar: Tucuruí, Cametá e Soure (baía do Marajó). Em cada área de amostragem e período sazonal, foram retirados aletoriamente 60 espécimes, totalizando 360 indivíduos machos e fêmeas em proporções iguais. Posteriormente, foram aferidos 21 características morfométricas e 4 variáveis merísticas. As análises apresentaram forte poder de discriminação dos estoques, principalmente entre os pontos mais distantes (Tucuruí e Soure), no qual observou-se que para as fêmeas as características mais significativas foram o ‘Comprimento Total’, ‘Largura da Carapaça’ e a ‘Largura da Palma’; para os machos, a ‘Largura da Palma’ e a ‘Largura do Carpo’ foram os mais significativos para o modelo. O crescimento (alométrico) foi diferenciado entre os estoques. Porém, entre os sexos em cada estoque, o dimorfismo sexual morfológico foi relativamente baixo, sendo que o coeficiente de alometria ‘b’ foi significativo somente para a ‘Comprimento do Cefalotórax’ (Cametá), ‘Largura do Carpo’ e ‘Largura da Palma’ (Tucuruí). Para a análise de variância, mostrou-se significativa, a ‘Altura da Carapaça’. ‘Largura da Carapaça’, ‘Comprimento e Largura do Ísquio’, ‘Comprimento e Largura do Mero’, ‘Largura do Carpo’, ‘Comprimento do Dátilo’, ‘número de dentes na porção superior e na crista basal’ foram significativos na diferenciação dos estoques para fêmeas. Para os machos, foram o ‘Comprimento do Dátilo’, ‘Largura do Mero’, ‘Largura do Carpo’ e ‘Largura da Palma’. Na análise de redundância, o dimorfismo foi evidente somente quando foram utilizadas medidas lineares, pois ao utilizar a proporcionalidade entre os segmentos corporais, a variável ‘sexo’ não foi significativa, apesar das fêmeas demonstrarem uma maior adaptabilidade morfológica diante das variáveis ambientais. Portanto, este estudo demostrou que os diferentes padrões morfológicos que diferenciam os estoques na área amostrada estão associados às variabilidades ambientais. Desta forma, sugere-se que medidas de ordenamento pesqueiro diferenciado para cada estoque sejam implementadas, pois, estudos já sinalizam um iminente estado de sobrepesca na região Amazônica.