Esta dissertação pretende apresentar um estudo crítico sobre duas teorias da justiça: a cosmopolita, desenvolvida por Thomas Pogge, e a multicultural, por Will Kymlicka. Primeiramente, serão investigados os escritos de Pogge, extraindo as vantagens de se ter uma preocupação moral com os habitantes do mundo e, oportunamente, destacando as desvantagens de serem deixadas de fora as singularidades culturais. Em seguida, com fins a mostrar a existência das demandas culturais, será feita uma leitura avaliativa do projeto político de Kymlicka. Deste modo, expõe-se a legitimidade dos direitos diferenciados em prol das minorias nacionais e dos grupos étnico-culturais e, ao mesmo tempo, evidencia-se o limite dessas categorias culturais que não compreenderam, por exemplo, o grupo de negros que reivindica o reconhecimento cultural. Por fim, será desenvolvido um exercício prático com as referidas teorias, ao propor a aplicação dos conceitos estudados diante do caso concreto de uma comunidade de quilombolas de Linharinho, no Espírito Santo, que possui demandas relacionadas a direitos políticos, sociais e culturais. Neste momento, sugere-se que apenas uma teoria da justiça, seja a cosmopolita, seja a multicultural, não é suficiente, isoladamente, para dar conta das exigências de justiça do grupo analisado. Tem-se, portanto, do exposto que a presente dissertação objetiva principalmente investigar duas ideias de justiça social, mapeando modelos normativos que sejam, de um lado, aplicáveis aos arranjos institucionais globais e, de outro, específicos aos direitos básicos dirigidos aos sujeitos culturais envolvidos.