O estágio contribui principalmente para a inserção do enfermeiro no mercado de trabalho,
cada vez mais exigente de profissionais capacitados. O estudo sobre o estágio supervisionado
na enfermagem, em paralelo com as discussões sobre o estágio na formação de professores,
pretendeu refletir sobre possíveis caminhos que contribuam para uma formação de qualidade
em ambos os domínios. Para embasar essa discussão, buscamos confrontar, entre outros, os
estudos de Cardozo (2003), Albuquerque (2007), Pires (2011) e Guedes (2012). Suas
constatações despertaram o interesse por investigar a relação entre os dois universos com o
foco no estágio supervisionado no campo da enfermagem. A pesquisa tem como objetivos
descrever o exercício da docência pelo enfermeiro preceptor de estágio curricular
supervisionado e analisar a contribuição do estágio na formação do graduando de
enfermagem. Pretendemos conhecer a visão do enfermeiro preceptor que assume perante a
instituição de ensino o acompanhamento do estagiário de enfermagem no seu local de
trabalho e a visão dos estagiários de enfermagem. Por meio de entrevistas, realizamos uma
pesquisa qualitativa, tendo como cenários duas instituições de ensino superior e seus
respectivos hospitais de ensino. Construímos dois roteiros de entrevista com perguntas abertas
e fechadas diferentes, sendo um para o preceptor e o outro para o estagiário. Participaram da
pesquisa enfermeiros preceptores e estagiários do último período dos dois cursos de
enfermagem bacharelado, num total de vinte e um entrevistados. Com as entrevistas
obtivemos um rico material, extraindo os sete itens mais significativos que responderam às
questões norteadoras da pesquisa. O primeiro considerou o estágio como porta de entrada para
a realidade do trabalho do enfermeiro. O segundo reúne as contribuições da equipe de
enfermagem envolvida no estágio e sua participação na aprendizagem do aluno, o terceiro e o quarto são ligados às estratégias de ensino-aprendizagem, abordando o acompanhamento e a
observação realizados pelo preceptor, além da investigação como atividade que envolve os
atores. O quinto item aborda a relação entre os atores envolvidos no estágio: o preceptor, o
supervisor e o estagiário. O sexto item revela as relações entre a teoria e a prática no cotidiano
do estágio. Finalizando, o sétimo item versa sobre o início da formação da identidade
profissional do enfermeiro no decorrer do estágio. Consideramos que o futuro profissional de
enfermagem, ao iniciar o estágio mergulha no universo profissional do enfermeiro, entra
verdadeiramente em cena, pois passa de mero espectador, o que ocorre nos anos iniciais da
graduação, e ganha um papel principal na cena, passando a estar como um dos focos da peça.
Defronte ao estagiário, o enfermeiro preceptor abre as cortinas do saber e da profissão,
mostrando-lhe o cotidiano do ser enfermeiro.