O transplante de fígado é considerado o tratamento de eleição para o
paciente com doença hepática progressiva, irreversível e terminal, o qual não
encontra outro tipo de tratamento. A Organização Mundial de Saúde conceitua
adesão como “o grau em que o comportamento de uma pessoa representado
pela ingestão de medicação, o seguimento da dieta, as mudanças no estilo de
vida corresponde e concorda com as recomendações de um médico ou outro
profissional de saúde”. Estudo epidemiológico, observacional e prospectivo
cujo objetivo principal é identificar os fatores que interferem na adesão ao
tratamento dos candidatos ao transplante de fígado (TxF) e analisar a
associação entre a adesão e as características sociodemográficas, clínicas,
compreensão da doença e conhecimento do transplante de fígado em
pacientes candidatos a transplante de fígado. Participaram da pesquisa 62
candidatos ao transplante de fígado, ou seja, 84% dos 73 pacientes que se
encontravam em cadastro técnico inscritos na Universidade Federal de São
Paulo, no período de novembro de 2012 a maio de 2014. Os pacientes foram
avaliados pela equipe multiprofissional que aplicou os instrumentos de coleta de
dados constituída por um roteiro de entrevista semiestruturada e questionário de
conhecimento sobre o transplante de fígado. A variável dependente da
pesquisa é adesão ao tratamento dos pacientes candidatos ao TxF e as
variáveis independentes são compreensão da doença, conhecimento sobre o
transplante, sintomas depressivos e ansiosos nos pacientes candidatos ao TxF.
Com relação à metodologia estatística os dados foram analisados
descritivamente e por regressão logística multivariada. As associações
verificadas utilizando-se o teste de Qui-Quadrado ou teste exato de Fisher.
Para comparação de médias foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-
Whitney. A consistência interna foi avaliada por meio do Alpha de Cronbach.
Foi identificado que o perfil do paciente candidato a transplante de fígado é do
sexo masculino (64,5%), com idade média de 53,7, doença de base mais
prevalente é o hepatocarcinoma (53,2%), tempo médio em fila é de 5,7 anos e
o MELD de 19. 27,6% são analfabetos ou cursaram apenas o ensino
fundamental sem o concluir; 64,5% são casados ou vivem em união estável. A
renda média é de 2 salários mínimos, sendo que 34,3% da amostra estavam
em trabalho temporário ou afastados. São fatores relacionados à adesão que
se mostraram estatisticamente significantes após a regressão logística foram a
ocupação (p=0,038), a compreensão da doença (p= 0,002), a compreensão do
transplante (p=0,033) e o uso de laxativo (p=0,045). Pode-se afirmar que a
implementação de um programa educativo pode aumentar a adesão em até
3,48 vezes na fase pré-transplante. A pesquisa possibilitou também identificar
que sintomas ansiosos e depressivos, interferem na adesão ao tratamento dos
candidatos a transplante de fígado. Portanto, acompanhamento psicológico
deve ser adotado pelos centros transplantadores.