Esta pesquisa analisa as possibilidades de conexão que existem na estrutura
urbana da Favela do Salgueiro, na Tijuca, cujas fronteiras se definem, de um lado, com
o bairro formal e, do outro, com o Parque Nacional da Tijuca. Em contraposição às
conexões físicas que interligam bairro – favela – floresta, observamos que para muitos moradores e frequentadores da área essas conexões são percebidas como barreiras,
induzindo-os, frequentemente, a usarem, apenas, setores do bairro.
O principal elemento conector estudado nesta pesquisa é a trilha. Esta via
estreita, estruturada em redes, passaram por transformações formais e funcionais ao
longo do processo de ocupação do Morro do Salgueiro e definiram morfologias características distintas de articulação morro/bairro formal. Pudemos constatar, contudo,
que elas não têm sido plenamente aproveitadas pelos programas e projetos, sejam eles de caráter urbanístico ou não, implantados no local.
Analisou-se o ambiente natural e urbano no qual estas trilhas se inserem a partir
de visitas técnicas e diálogos com a sociedade civil organizada local. A ausência de um
traçado claramente delimitado conferiu a elaboração de bases cartográficas e
iconográficas para melhor compreensão: das trilhas como elemento conector, da via de
acesso à favela como elemento limite e ao mesmo tempo de expansão do bairro até a floresta. O que nos permitiu uma nova leitura da morfologia da Favela em relação ao
traçado da cidade.
Tais trilhas, aqui definidas como rizomáticas, conectam a favela à outros pontos
da cidade de forma imprevisível e não arborescente. Elas proporcionam uma vivência
quase sempre diferenciada do espaço àqueles que fazem o percurso pela primeira vez,
aos que são estranhos ao local ou àqueles que rapidamente se distraem e acabam por fazer um trajeto diferente do seu usual.
Por meio das recordações dos moradores da área, tanto da favela como do bairro
formal nota-se que, apesar da recente permeabilidade do espaço favelado, promovido pelas políticas e projetos públicos, a favela continua sendo percebida como barreira para os moradores do bairro, dificultando a percepção da mesma como elemento de ligação