Introdução: Coros amadores dificilmente contam com a colaboração de um
fonoaudiólogo e raramente seus integrantes buscam orientação fonoaudiológica para
ter um bom desenvolvimento vocal. Por falta de conhecimento e/ou preparação, os
coristas podem apresentar sintomas relacionados à saúde vocal e alguma
desvantagem em suas atividades de coro. Objetivo: Verificar a existência de risco
vocal em cantores amadores. Metodologia: A amostra foi composta por 526 coristas
amadores voluntários, classificados em oito categorias profissionais, sendo 186 do
sexo masculino e 340 do sexo feminino, faixa etária de 18 a 89 anos (média de 42,07
anos) de diversos coros da região de São Paulo. Foram aplicados quatro instrumentos:
Escala Sintomas Vocais - ESV, Lista de Sinais e Sintomas de Voz - LSS, Índice de
Desvantagem para o Canto Moderno - IDCM e Escala de Transtorno de Ansiedade
Generalizada - GAD-7. Os participantes foram selecionados de acordo com a triagem
ESV, conforme a nota de corte (16) em passa (abaixo de 16 pontos) e falha (16 ou
mais pontos). Os indivíduos também foram classificados de acordo com o número de
sinais e sintomas vocais (LSS), sem risco (abaixo 1,7 sintomas) e com risco (1,7 ou
mais sintomas). De acordo com essa categorização, classificamos os grupos segundo
a relação dos instrumentos ESV e LSS: maior risco (ESV-LSS-), risco ESV (ESVLSS+),
risco LSS (ESV+LSS-) e sem risco (ESV+LSS+). Resultados: O escore total
médio do ESV foi 17,57, quase dois pontos acima da nota de corte do instrumento (16),
o que chama a atenção para a importância de mapear esses cantores. Os coristas que
falharam apresentaram escore maior ou igual a 16 pontos (51,5%, n=271) e grau leve
de ansiedade GAD-7. Os coristas que passaram apresentaram escore menor que 16
pontos (48,5%, n=255) e grau mínimo de ansiedade GAD-7. Um grande número de
cantores falhou em ambos os questionários (n=169; 32,1%); considerando apenas o
ESV, n=102 (19,4%); apenas o LSS, n=54 (10,3%) e o grupo sem risco 201 coristas
(38,2%). Os que falharam na triagem apresentaram uma pontuação total média de
26,34 para o ESV e 20,97 para o IDCM, com maior desvio na subescala defeito,
seguido por incapacidade e desvantagem. Para os coristas que passaram, a pontuação
total média foi de 8,27 para o ESV e 6,11 para o IDCM, com maior desvio na subescala
defeito, seguida por incapacidade e desvantagem. Conclusão: O risco vocal foi maior
nas mulheres e mais acentuado na categoria da profissão informante (professores,
palestrantes, fonoaudiólogos e publicitários). O risco não depende de tempo e horas de
ensaio e outra atividade, utilizando a voz pode comprometer a qualidade vocal; além
disso, a prática do aquecimento vocal não garante ausência de risco. A utilização de
instrumento de autoavaliação de voz é rápida e de fácil aplicação, podendo auxiliar o
regente a mapear os coristas e encaminhar aqueles que falham na triagem para
avaliação fonoaudiológica. O uso combinado dos dois protocolos identificou um maior
número de coristas com problemas potenciais do que o uso isolado de um deles.