Ligado ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, – PPGEdu – da Linha de Pesquisa, História, Política e Educação, e integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil – HISTEDBR – o estudo que ora se apresenta teve por objeto a análise dos métodos e conteúdos de alfabetização em manuais didáticos dos séculos XIX e XX. Foram eleitos para o estudo três livros: O primeiro deles, Primeiras Lições de Coisas, de Norman Alisson Calkins, já na versão modificada em 1870, foi traduzido por Rui Barbosa de Oliveira, em língua portuguesa, em 1881; com a publicação no Brasil em 1886. Os outros dois, Cartilha do Povo e Testes ABC, ambos de Manuel Bergström Lourenço Filho, editados pela primeira vez em 1929 e 1933, respectivamente. Buscou-se orientar a análise pela Ciência da História, referencial teórico-metodológico concebido por Karl Marx e Friedrich Engels. Procurou-se assim, situar o objeto no âmbito histórico, evidenciando a sua transitoriedade, marcando-o, portanto, como produção que cumpriu a necessidade de um tempo específico. Entendendo que os métodos e conteúdos de alfabetização, no período aqui determinado, eram característicos de uma forma de organização do trabalho didático, que elegeu os manuais como instrumento condutor do ensino e da aprendizagem, definiu-se o seguinte objetivo: analisar como os métodos e conteúdos de alfabetização aparecem no interior desses manuais, apreendendo as funções que lhes foram atribuídas e, ainda, estabelecendo a relação entre os métodos e conteúdos dos manuais eleitos, indicando suas particularidades e aproximações, já que foram utilizados em momentos históricos distintos. Foram utilizadas na pesquisa as fontes primárias, expressas nos livros eleitos para análise, foram também tomados para estudo os clássicos da educação e da ciência moderna e, na historiografia as fontes secundárias. Colocou-se em questão a necessidade de apreender como, historicamente, foi forjada a utilização dos manuais didáticos como portadores de fundamentos para formar futuros alfabetizadores, ou para alfabetizar crianças de modo a torná-las leitoras. Buscou-se evidenciar que, nesses instrumentos, o aprender a ler e a escrever é uma atividade pragmática, logo, revestida de um caráter puramente instrumental, princípio que tem informado a natureza da alfabetização e que tem delineado as práticas de alfabetização. E, também, que os métodos e conteúdos assentados nesses livros didáticos, a despeito do momento histórico em que foram produzidos e incorporados à prática didática, não oferecem os conteúdos nem da língua e nem literários, necessários à formação da criança para enfrentar os anos de ensino posteriores.