As regiões do sertão e agreste alagoano são caracterizadas pelas condições climáticas adversas à exploração agrícola ou pecuária de sequeiro com fins comerciais. As estiagens fazem com que os habitantes da região vivam permanentemente em estado de calamidade. Visando modificar esta situação, o
Estado de Alagoas está construindo o Canal do Sertão, que conduzirá água do rio São Francisco para toda esta região, visando atender ao consumo humano, irrigação, culturas de sequeiro e dessedentação de animais. O objetivo desse estudo é estimar os custos da oferta de água para todos os usuários atendidos pelo empreendimento, no trecho cujas obras já tenham sido contratadas, desde o quilômetro 0 até o quilômetro 64,7 do Canal. Para isso foram feitas pesquisas sobre o atual serviço de abastecimento de água de Alagoas, que é executado pela CASAL, em 78 municípios do Estado, inclusive Maceió, a qual, para efeitos de infraestrutura hídrica no sertão e agreste de Alagoas, opera três Sistemas Coletivos: do Sertão, da Bacia Leiteira e do Agreste. Também foi estudado um cenário futuro, com abastecimento de água pelo Canal do Sertão, que atenderá direta e indiretamente 42 municípios de Alagoas, abastecendo cerca de 1.000.000 de habitantes, 50% da população do Estado. A grande idéia do empreendimento é promover a redução dos custos de distribuição de água através da minoração das
alturas geométricas de bombeamento, que chegam a atingir cerca de 500m. Esse trabalho apresenta uma descrição completa do Canal do Sertão, desde as justificativas para sua implantação, objetivos e metas do empreendimento, detalhamento dos projetos de engenharia e traçado do canal, até os municípios
pertencentes a sua área de influência, descrição dos perímetros de irrigação e as demandas dos usuários pertencentes ao trecho em estudo. Por outro lado, o Governo de Alagoas não tem dados suficientes para estimar o custo exato da água do Canal do Sertão, nem tampouco a experiência necessária em gestão de canais. Por isso foi necessário buscar informações sobre um empreendimento semelhante ao Canal do Sertão, em um Governo com estrutura hídrica bem definida: o Canal
da Integração, no Ceará. Com esse objetivo o autor visitou a COGERH, onde conheceu de perto o Canal da Integração e o Canal do Trabalhador. Com isso, esse estudo apresenta também as atividades desenvolvidas pela COGERH, a estrutura tarifária do Ceará, a concepção do projeto e o funcionamento do Canal da Integração e os custos detalhados da água desse Canal. O custo da água do Canal do Sertão Alagoano foi estimado pelo somatório dos custos com energia elétrica, operação, manutenção e vigilância do empreendimento. Dessas parcelas, o custo com energia elétrica foi calculado conforme as características físicas do Canal e as tarifas vigentes da Eletrobrás. Os demais custos foram estimados
conforme o modelo do Canal da Integração do Ceará. Os resultados estão apresentados em gráficos de Demanda x Custo Unitário x Custo Total, mostrando que o menor custo da água é de 37,41R$/1.000m³, que ocorre quando o sistema opera na sua capacidade máxima.