Compreender o papel dos metais de transição cobre e zinco em sistemas biológicos é de suma
importância devido às funções metabólicas e fisiológicas que eles apresentam. O cobre
funciona como cofator de várias metalo-enzimas, mas é tóxico quando presente em
concentrações elevadas. O zinco, dependendo da concentração, pode causar tanto alterações
fisiológicas positivas quanto negativas. Portanto, o objetivo dessa tese foi compreender os
efeitos desses metais na viabilidade celular e geração de espécies reativas de oxigênio (ROS)
em modelos de células tumorais, o neuroblastoma SH-SY5Y e o carcinoma mamário MCF-7.
Para isso, diferentes complexos de ambos os metais foram utilizados, com diferentes
potenciais e capacidades de quelação, e avaliados na capacidade de causar danos celulares. As
células foram tratadas com alguns quelantes específicos para cobre e zinco, como o N,Ndietiletilcarbamato
(DeDTC) e N,N,N´,N´-tetrakis(2-piridil-metil)etilenodiamino (TPEN), e
com complexos de cobre de diferentes potenciais eletroquímicos como o CuSO4 e o
complexo Cu(GlyGlyHis). Os resultados sugerem que a citotoxicidade do DeDTC está
relacionada à formação do complexo Cu(DeDTC)2, que gera acúmulo de cobre intracelular,
causando morte celular por apoptose, com a ativação da caspase 8, caspase 3, p53 e formação
do apoptossomo, enquanto que os resultados para TPEN revelaram que o quelante causa
depleção de zinco intracelular, ocasionando morte celular por apoptose, através da ativação da
proteína p38 e ruptura lisossomal. As células MCF-7 mostraram um aumento na viabilidade
quando foram tratadas com complexos de cobre como Cu(GlyGlyHis). Este efeito foi
consequência do acúmulo desse metal na célula. Como consequência, essas células sofrem
uma adaptação mecânica através do aumento da rugosidade das membranas celulares
externas, aumentando sua adesão celular, induzindo a proliferação. Portanto, conclui-se que a
captação de cobre e sua citotoxicidade dependem do tipo de célula e do complexo cobreligante,
pois os resultados relevaram que o cobre ativou tanto a proliferação em células de
câncer de mama MCF-7 como morte celular em células de neuroblastoma SH-SY5Y,
enquanto que a depleção de zinco em neuroblatoma mostra uma nova rota de ativação da
apoptose envolvendo proteínas MAPK e lisossomos.