Objetivos: Avaliar a reprodutibilidade do mapa paquimétrico da tomografia de coerência óptica (OCT) de segmento anterior Fourier-domain e comparar as medidas da espessura central da córnea obtidas pelo OCT, paquimetria ultrassônica e sistema óptico de rastreamento em fenda em olhos normais; comparar medidas da espessura da córnea periférica obtidas pelo OCT e sistema óptico de rastreamento em olhos normais; e verificar a correta calibração do fator de correção acústica do sistema óptico de rastreamento utilizado neste estudo.
Métodos: Foram recrutados pacientes sem anormalidades de córnea do Setor de Córnea e Cirurgia Refrativa do Doheny Eye Institute, Los Angeles, CA; no período de 15/07/2008 a 14/07/2009, para a obtenção de medidas da espessura corneal central por meio da tomografia de coerência óptica Fourier-domain (FD-OCT) de segmento anterior (RTVue-CAM, Optovue), paquímetro ultrassônico (Corneo-Gage Plus, Sonogage) e sistema óptico de rastreamento em fenda (Orbscan II, Bausch&Lomb); e da espessura corneal periférica através do RTVue-CAM e Orbscan II. Foram realizados escaneamentos de imagens com centralização ou no vértice da córnea ou no centro da pupila com o OCT. A reprodutibilidade do mapa paquimétrico foi avaliada por meio do desvio padrão ponderado. As medidas da espessura central da córnea obtidas pelo OCT foram comparadas às medidas obtidas pelo paquímetro ultrassônico e Orbscan II utilizando o teste t pareado e análise de Bland e Altman. As medidas da espessura periférica da córnea obtidas pelo OCT foram comparadas às do Orbscan II pelo teste t pareado. A verificação do fator acústico de 0,92 do Orbscan II utilizado neste estudo foi realizada por meio de uma equação de correção própria.
Resultados: Foram recrutados 54 pacientes voluntários, sendo 30 do sexo masculino, totalizando 106 olhos. Vinte e oito pacientes tem etnia oriental e 26 pacientes com etnia ocidental, sendo a média de idade de 32,4 + 8,3 anos (variando de 19 a 58 anos). Nas medidas de OCT, o escaneamento centralizado na pupila (n=64) apresentou melhor reprodutibilidade do que aquele centralizado no vértice corneal (n=42) em todos os setores (p<0.029). A espessura central da córnea medida pelo OCT, paquímetro ultrassônico e Orbscan II (fator acústico de 0,92) foi de 537,9±26,9, 557,1±30,0, e 537,1±32,0 µm, respectivamente. A espessura corneal periférica medida pelo OCT foi significativamente menor do que pelo Orbscan II (p=0.000) em todos os quadrantes das áreas circunlineares de 2 a 5mm e maior que 6mm. A medida da espessura periférica da córnea foi significativamente maior para o Orbscan II em todos os quadrantes superior, inferior, nasal e temporal das áreas circunlineares periféricas de 2-5mm do OCT e das áreas circunlineares de (2-5mm +6mm) do OCT. O quadrante nasal do Orbscan II apresentou a maior espessura periférica (643,19+_ 31,05 µm) enquanto que o quadrante superior de 2-5mm do OCT e de (2-5mm +6mm) do OCT apresentou a maior espessura periférica de 563,63+_28,71 µm e 574,29+_29,48 µm, respectivamente. O fator ideal de correção acústico do Orbscan II utilizado seria de 0,95.
Conclusões: A medida da espessura central da córnea de olhos normais foi de 557,14 + 30,02 μm para a paquimetria ultrassônica, 537,13 + 31,93μm para o Orbscan II, e 537,91 + 26,93 μm para a tomografia de coerência óptica de segmento anterior Fourier domain (FD-OCT RTVue). O mapa paquimétrico obtido pelo OCT Fourier-domain foi altamente reprodutível em córneas normais. A medida da espessura periférica da córnea foi significativamente maior para o Orbscan II em relação ao OCT. A calibração mais adequada do fator de correção acústico do Orbscan II utilizado neste estudo seria de 0,95.
Descritores: Tomografia de coerência óptica, espessura corneal central, espessura corneal periférica, paquimetria ultrassônica, mapa paquimétrico.