Fundamento: O aumento da espessura mediointimal avaliada por ultrassom, considerado um indicador precoce de aterosclerose, é um preditor de risco cardiovascular na população geral. Porém, em pacientes com doença renal crônica nos estágios iniciais, essa associação ainda não está bem estabelecida.
Objetivo: Avaliar a associação da espessura mediointimal com a ocorrência de
eventos cardiovasculares e mortalidade em pacientes nos estágios iniciais da doença renal crônica.
Métodos: A análise post hoc de uma coorte de pacientes nos estágios 2 – 5 da DRC. Foram avaliados dados laboratoriais, ultrassom da artéria carótida e tomografia coronariana no início do estudo e a ocorrência de eventos cardiovasculares e óbito, em um seguimento de 24 meses.
Resultados: Um total de 117 pacientes (57 ± 11 anos, 61% sexo masculino) foram avaliados. A taxa de filtração glomerular foi 36 ± 17 mL/min, 96% dos pacientes eram hipertensos, 23% diabéticos e 27% obesos. Calcificação arterial coronariana esteve presente em 48% dos pacientes, sendo mais prevalente naqueles em estágios mais avançados da DRC (p=0,02). A espessura mediointimal (EMI) foi 0,6 mm (0,4 -‐
0,7mm). Comparado aos pacientes com EMI < 0,6mm, aqueles com EMI ≥ 0,6 mm eram mais velhos (p=0,001), apresentavam maior prevalência do sexo masculino (p=0,001), menor taxa de filtração glomerular (p=0,01) e maior proporção de pacientes com calcificação coronariana (p=0,001). Não foi observada relação entre a EMI e a ocorrência de evento cardiovascular ou óbito.
Conclusão: A espessura mediointimal em pacientes nos estágios iniciais da DRC se associou a calcificação coronariana, mas não à ocorrência de eventos cardiovasculares e óbito, em um seguimento de 24 meses.