A segurança do paciente é definida como a ausência de danos ou de lesões acidentais durante a
prestação de assistência à saúde. Uma vez que o erro humano é inevitável, a utilização de
checklists pode se constituir numa ferramenta relativamente simples e que garanta que todas as
etapas do processo sejam cumpridas e, consequentemente, falhas sejam evitadas. Em junho de
2008, a Organização Mundial da Saúde publicou o Surgical Safety Checklist, instrumento
desenvolvido a partir de revisões de práticas baseadas em evidências, que identificaram as causas
mais comuns de danos ao paciente no período perioperatório. O instrumento referiu apenas o
período intra-operatório, porém, sabe-se da importância do pré-operatório para segurança do
paciente cirúrgico. Além disso, a população pediátrica pode ser caracterizada como vulnerável
para a ocorrência de eventos adversos na área da saúde e uma das formas de minimizar o estresse
consiste no preparo para a intervenção por meio da transmissão de informações às crianças,
sendo a forma lúdica, um dos recursos utilizados pelos enfermeiros. Os objetivos desse estudo
foram elaborar, validar e aplicar na prática clínica um instrumento que contenha intervenções
pré-operatórias, relacionadas à segurança do paciente, a ser preenchido pela criança e família. O
tipo de estudo foi metodológico, exploratório e de validação de construto e conteúdo, que
ocorreu numa unidade de cirurgia pediátrica de um hospital universitário da cidade de São Paulo,
entre 2011 e 2013. Vale ressaltar que o estudo foi iniciado após parecer de aprovação do projeto
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, sob o número 2114/11. O checklist foi
elaborado pelas pesquisadoras, sendo um instrumento no formato de folder e apresentação
lúdica, simulando o caminho a ser percorrido pela criança durante o período pré-operatório,
denominando-o de “Checklist Pediátrico para Cirurgia Segura”. Esse foi submetido à validação,
por meio da técnica Delphi, com participação de cinco profissionais especialistas na área,
fixando-se nível de consenso de 80%. Em seguida, utilizou-se o checklist na unidade em estudo,
sendo a amostra constituída por 60 crianças pré-escolares a adolescentes e 60 familiares. Para
análise de associação utilizou-se o Teste Exato de Fisher e o Teste t para duas amostras, com
nível de significância de 5%. O checklist foi composto por 11 itens que foram validados por
meio de duas rodadas da técnica Delphi, obtendo consenso, tanto para o conteúdo como
construto. Quanto à aplicação na prática, identificou-se consecução de 65,3% itens preenchidos,
porém, 30,0% não foram preenchidos devido a não execução da equipe. Verificou-se ainda, que
crianças com idade superior preencheram mais o item da retirada de adornos do que as crianças
menores, porém esse foi o único item que demonstrou diferença estatística (p=0,008). Os
familiares relataram satisfação no uso do instrumento como ótimo (63,3%) e bom (36,7%), e
acreditaram reduzir níveis de ansiedade na criança por meio da orientação e pintura. Sendo
assim, o checklist pode constituir instrumento capaz de colaborar para que etapas do preparo e
promoção de cirurgia segura sejam realizadas, ao se identificar a presença ou ausência das ações
necessárias para a promoção da segurança do paciente, garantindo a satisfação dos clientes.