IS THIS INDIE: Critérios de demarcação, de gênero, sonoridades e circuitos no indie rock brasileiro
Surgido da corruptela da palavra indenpendent, o indie se constituiu em um gênero musical ainda na década de 1980, na sombra do que ficou conhecido como póspunk. O termo independent origina-se do modo de produção musical fortemente disseminado pelo punk, ainda nos anos 1970, que se fundamentava num ethos do-ityourself (DIY) tanto no que dizia respeito à produção quanto à distribuição dos álbuns. O ethos DIY acaba por fundar uma produção musical próxima na noção de vanguarda dada a possibilidade de experimentação, num perÃodo em que a indústria fonográfica era responsável por moldar esteticamente muitas bandas/artistas que emergiam no rock. Se, por um lado, muitos artistas, sob o rótulo de indie conseguem alcançar grandes multidões, sem perder o status Cult que o rótulo lhe imprime, por outro, vê-se proliferar uma série de iniciativas de produção e circulação de música independente após o surgimento dop MP3 e outras tecnologias de gravação e distribuição que se tornaram acessÃveis a músicos dando origens aos Home Studios. Nesse contexto, questionou-se quais seriam os critérios de pertencimento e valoração que pemeiam o indie nacional, assim como de que maneira o circuito encontra-se organizado. Para tanto, recorreu-se a uma noção própria de música pop, da mesma forma que se propôs uma postura sociológica que desse conta dessa noção. Tomou-se como orientação epistemológica, a transcedência que a música pop proprociona, com base em Frith (1989) e Baugh (1994). A metodologia de coleta de dados contou com a pesquisa etnográfica, realizada durante o perÃodo de 2008 a 2012, não apenas em shows e eventos relacionados ao gênero, mas acompanhando notÃcias em jornais, revistas, blogs e sites especializados. A coleta também contou com entrevistas e audição musical, já que um dos métodos de análise juntamente com a análise de conteúdo, contituiu-se da análise da linguagem sonora. Os resultados apresentam-se em duas partes: a primeira opera com as noções de vanguarda em Bourdieu e Bürger, assim como com a de neovanguarda, no sentido de situar a música indie em algumas categorias associadas a estes conceitos; a segunda discute a sonoridade do indie nacional, com base em critérios de gênero estabelecidos por Frith, Fabbri e Trotta, além de apontar o funcionamento do circuito musical indie e independente nacional. Observou-se, entre outras constatações, que, na contemporaneidade, as fronteiras de gêneros são fluidas ao ponto de serem encontrados diversos gêneros e fusões na música indie, fazendo surgir, no Brasil, o denominado novo rock, ao mesmo tempo que a postura independente só se faz possÃvel porque conta com o aparato do estado, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.