Introdução: O trabalho de enfermeiros em regime de turno em hospitais pode ter um impacto na qualidade de vida, especialmente naqueles que trabalham em unidades de terapia intensiva (UTI) pediátrica e neonatal. A avaliação destes fatores por meio de questionários padronizados pode contribuir para uma melhor compreensão da atividade diária destes.
Objetivos: Avaliar através de questionários as seguintes variáveis em profissionais de enfermagem de UTI pediátrica e neonatal; 1) Qualidade do sono, 2) Qualidade de vida e 3) Presença de transtornos do humor.
Métodos: Profissionais da equipe de enfermagem, agrupados em turnos de trabalho matutino, vespertino e noturno, foram avaliados através dos seguintes questionários: Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), Escala de Sonolência Epworth (ESS), Questionário de Identificação Matutinidade-Vespertinidade (IMV), Questionário Genérico de Avaliação de Qualidade de Vida (SF-36), Inventário de Depressão de Beck (BDI), Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), Inventário de Ansiedade Traço – Estado (IDATE).
Resultados: A amostra do estudo foi composta por 168 profissionais, com predomínio do sexo feminino (94,05%) e idade de até 40 anos (74,31%). Cerca de um terço dos profissionais atuavam há pelo menos 10 anos na função. Com relação ao local de trabalho, 79,17% atuam em UTI Pediátrica e 20,83% em UTI Neonatal. Apesar de não observarmos significância estatística, os questionários relacionados ao sono, PSQI e ESS, mostraram qualidade de sono ruim e sonolência diurna excessiva para os três turnos. Com relação ao IMV, houve predomínio dos profissionais com tipologia neutra, 57,49%. A média obtida nos 8 domínios do questionário genérico SF-36 para os três turnos foi acima de 66 pontos e, de modo geral, não houve diferença estatística (p = 0,121), sugerindo não haver prejuízo na qualidade de vida. No entanto, no domínio “aspecto social” do turno noturno, observou-se escores piores (p<0,007). Não se notou aumento significativo nos níveis de ansiedade e depressão segundo os questionários BDI, BAI, IDATE-T-E, e nos três turnos.
Conclusões: Os resultados sugerem que os profissionais de enfermagem podem apresentar problemas no sono. No entanto, estes profissionais não apresentam escores mais baixos de qualidade de vida ou transtornos do humor. Uma possível explicação para estes achados é que, ao longo do tempo, haja uma adaptação ao regime de trabalho diferenciado.