Ao longo das últimas décadas temos acompanhado a profunda mudança que as tecnologias digitais têm causado nas relações humanas, interferindo nas mais diversas atividades sociais, transformando a maneira de pensar, sentir e agir dos sujeitos. Esta pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica em Rede Nacional (ProfEPT) teve por objetivo geral investigar a percepção de três grupos de sujeitos (estudantes do ensino médio integrado, responsáveis e docentes) acerca das relações psicossociais constituídas em meio às Tecnologias digitais. Pesquisa de natureza aplicada, método de abordagem dialética e qualitativa. A modalidade principal é o estudo de caso e, como secundárias, bibliográfica e de campo; quanto aos objetivos, é exploratória, descritiva e explicativa/analítica. Nos procedimentos metodológicos, o local de pesquisa é o Campus Xanxerê (IFSC). As variáveis independentes focam no perfil dos estudantes e as variáveis categoriais relativas ao objeto são: Dimensão tecnologias e instituição educacional; Dimensão tecnologias e dinâmica familiar e dimensão tecnologias e uso pessoal. Como instrumentos, selecionou-se o questionário aplicado aos estudantes e a entrevista aplicada aos estudantes, seus responsáveis e docentes. Relativo à dimensão institucional, os resultados demonstraram que os docentes buscam fazer uso das tecnologias para qualificar a prática pedagógica, porém, mesmo com atividades mediadas pelos docentes, é comum os estudantes terem sua atenção capturada pelos dispositivos móveis, desgastando a relação entre professor-aluno. Na dimensão familiar, o uso recreativo que os estudantes realizam das tecnologias, implica em certo distanciamento do convívio familiar, além de causar certos prejuízos nos estudos e perturbações na saúde mental devido ao uso que realizam das redes sociais. Por sua vez, as orientações realizadas pelos responsáveis e docentes sobre os riscos e cuidados que deveriam ter ao utilizar as tecnologias digitais são superficiais, pois não ocorre uma explicação mais profunda sobre as contradições subjacentes ao mundo das tecnologias digitais. Conclui-se que as tecnologias digitais possuem uma interferência nas relações psicossociais dos sujeitos pesquisados, especialmente para os estudantes, devido ao amplo uso recreativo que realizam, causando prejuízos nas suas relações tanto na instituição educacional como na dinâmica familiar. A mudança dessa realidade depende de um entendimento de como se organizam as relações hegemônicas dadas pelo sistema econômico que cria permanentemente formas de controle e de lucro, atualmente, via plataformas digitais. A instituição escolar como principal agente de mediação dos discursos contra hegemônicos deve problematizar sobre as implicações existentes na relação dos estudantes com as tecnologias digitais em uma perspectiva crítico reflexiva como forma de alcançar uma formação integral. Essa formação também deve envolver os responsáveis, esclarecendo para melhor acompanharem o uso e o acesso que os adolescentes realizam das tecnologias digitais, bem como orientá-los sobre os riscos existentes no mundo digital. Para contribuir com esse processo, elaborou-se dois produtos educacionais: uma cartilha digital Um olhar crítico reflexivo sobre as relações psicossociais dos estudantes da EPT constituídas em meio às tecnologias digitais e um folheto digital Dicas para um uso digital consciente e seguro com o objetivo de promover um diálogo entre as três dimensões estudadas nesta pesquisa.