O uso de tubos de revestimento é essencial para a manutenção de integridade de poços de
petróleo. Para a garantia do seu correto dimensionamento, normas internacionais auxiliam
os projetistas de poços, fornecendo equações e metodologias para cálculo das resistências e
dos carregamentos aos quais os revestimentos podem ser submetidos ao longo de seu ciclo
de vida. Um exemplo de norma é a API/TR 5C3, que em sua revisão de 2008 adicionou a
possibilidade de dimensionamento dos revestimentos utilizando técnicas de confiabilidade,
informando não só a metodologia de cálculo mas também a caracterização de algumas
variáveis aleatórias com base em séries históricas de dados de manufatura de tubos, segundo
diferentes fabricantes. Porém, a utilização das ferramentas de confiabilidade em projetos de
revestimentos de poços de petróleo ainda é restrita a análises específicas, não fazendo parte
da rotina dos projetistas. Desta forma, este trabalho tem por objetivo estudar diferentes
situações de carregamentos em diversos tubos de revestimento usualmente aplicados nos
projetos de poços de petróleo, empregando a metodologia determinística, mais usual e
de conhecimento mais difundido, e a metodologia probabilística, mais robusta mas ainda
pouco utilizada nesta área. Analisam-se 54 tubos de diferentes esbeltezes e metalurgias, os
quais são submetidos a carregamentos iguais às suas resistências no limite elástico, que
são os valores considerados nos projetos para o cálculo do tradicional Fator de Segurança
(FS), que utiliza as equações do Estado Limite de Serviço (ELS). A partir dos dados
simulados, realiza-se um estudo para verificar a equivalência entre o FS e a Probabilidade
de Falha (Pf ), levando-se em consideração resistências no Estado Limite Último (ELU) dos
tubos. Os resultados encontrados são apresentados em forma de percentis, fornecendo um
panorama geral da Pf associada ao carregamento de projeto. Por exemplo, para falhas por
burst, a Pf máxima encontrada foi de 1, 62 · 10−5
, e no percentil 50 de 4, 27 · 10−10. Já para
o colapso, a Pf máxima encontrada foi de 7, 76 · 10−2
e no percentil 50 de 3, 26 · 10−3
, o que
evidencia que a falha por colapso é, de fato, a mais crítica em projetos de revestimento.
Este trabalho contribui para uma maior utilização de metodologias probabilísticas pelos
projetistas de revestimentos, a partir da equivalência com as respostas determinísticas
usuais, baseadas em envoltórias de resistência e fatores de segurança. A metodologia
probabilística pode trazer ganhos em termos de custos, com maiores chances de aprovação
de projetos arrojados, bem como no que diz respeito à segurança, por demandar um melhor
controle de qualidade na fabricação e caracterização dos tubos de revestimento utilizados
na construção de poços.