De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil, a educação é um direito de
todos, o que inclui educandos com necessidades educacionais especiais. Porém, mesmo com
os diversos Decretos, Resoluções, entre outros documentos oficiais e o considerável aumento
de alunos com necessidades educacionais especiais matriculados na rede regular de ensino,
temos visto uma pseudoinclusão ocorrendo no cotidiano escolar. Uma das barreiras à inclusão
escolar é o despreparo dos professores, seja em sua formação inicial ou continuada, sendo
necessário um repensar da prática docente. Desse modo, apresentamos como objeto de
pesquisa um estudo sobre as possibilidades e os obstáculos para um ensino de Física, na
Educação Básica, na perspectiva da inclusão de estudantes cegos e/ou com baixa visão nas
classes comuns das escolas regulares, de modo a constituir elementos que auxiliem os
professores de Física na construção de práticas educativas inclusivas. Para tanto, utilizamos a
teoria construtivista de Vygotsky como referencial, pois a mesma traz novamente o professor
para o processo de ensino-aprendizagem do aluno, sendo ele o companheiro mais capaz que
media a construção do conhecimento desse aluno. Em relação ao ensino de Física, o mesmo
ainda se encontra preso ao passado, com aulas expositivas e matematizadas. Contudo, nas
últimas décadas, é perceptível um abandono dessas práticas e um avanço na aprendizagem
significativa, onde a atividade experimental e os saberes do aluno têm papel importante na
produção do conhecimento que é construído na interação sujeito-objeto, através da mediação
do outro (professores e colegas) e de signos (linguagem). Quanto à atividade experimental,
entendemos que os recursos didáticos facilitam a aprendizagem dos alunos e que o aluno cego
tem uma percepção diferente dos fenômenos físicos, porém com mesmo entendimento dos
demais alunos. Sendo assim, constitui-se como objetivo desta dissertação a apresentação de
uma sugestão didático-metodológica para o ensino do tema Energia Mecânica que permita ao
aluno cego o acesso e a construção do conhecimento junto com os demais colegas, ou seja,
em classe comum do ensino regular.