Este estudo objetiva mostrar o discurso do e sobre o Programa Bolsa Família (PBF), inserido na Política Antipobreza de Transferência de Renda, no governo Lula. A orientação teórica está na Análise do Discurso de Linha Francesa, em Pêcheux (1997), Orlandi (2001a, 2001b). Fundamenta-se, ainda, em questões acerca do discurso político em Pêcheux (1981, 2008), Orlandi (2001b), Zoppi-Fontana (1997), Courtine (1990), Lagazzy-Rodrigues (1998) e do discurso jornalístico, em Mariani (1998), entre outros. O corpus inclui: a Lei n 10.836, de 09 de janeiro de 2004, e o Decreto n 5.209, de 17 de setembro de 2004, o qual regulamenta o Programa Bolsa Família; entrevistas com 10 (dez) beneficiárias, residentes na cidade de Uberaba, Minas Gerais, beneficiadas pelo Programa de Transferência de Renda Bolsa Família; 60 artigos jornalísticos, veiculados no período de janeiro de 2003 a janeiro de 2010, em três jornais Folha de S. Paulo, Estado de Minas, O Globo , sendo 20 de cada jornal. Ao mostrar o funcionamento discursivo das sequências, verificamos que o lugar discursivo nas três ancoragens de análise é o do Estado assistencialista. Da parte do Estado, o garantidor, o provedor, no sentido de dar renda (benefício básico, benefício variável) a todos que dele necessitam os beneficiários; daí a condição de necessitado/assistido pelo Estado. Da parte das beneficiárias, uma posição -sujeito de submissão - do consenso-, em relação ao modo pelo qual o Estado as individualiza - da posição-sujeito assistida/necessitada, da posição-sujeito-Estado-Pai/Protetor/Provedor; da parte da discursividade jornalística que espreita o Estado para apontar o seu esvaziamento em meio a problemas de gestão, gerenciamento, que desqualifica o político, reduzido a questões assistencialistas, político-partidárias; da posição sujeito-Estado: sujeito a Deus/religioso/ capitalista. Logo, a forma como a língua foi mobilizada para produzir sentidos na conjuntura sócio-histórica já assinala uma orientação, e isso é o político.