Esta tese apresenta o desenvolvimento do Projeto Estações, a apropriação de uma parcela de terreno localizado na região serrana do Rio de Janeiro onde um pequeno atelier‐oradia de madeira foi erguido. Não uma residência artística, mas um ambiente/edificação para o desenvolvimento de reflexões de uma
episteme sobre as permeabilidades entre Arte e Vida. Sua construção iniciou‐se no outono de 2012 e a permanência em seu interior ocorreu até 20 de março de 2013, circunscrevendo o período de um ano. A possibilidade de vivência, através da molécula poética básica do habitar, permitiu investigações quanto à criação, à solidão dos processos artísticos e às impulsões que levam certos indivíduos a imergirem em regimes restritivos autoimpostos como meio de intensificar o contato com seus mananciais inspiradores.
Os capítulos da tese são divididos obedecendo a ordem das estações do ano e apresentam as vivências sob as inferências induzidas por seus meses. As
análises são acompanhadas de discussões de trabalhos, que introduzem questões do projeto e representam experimentos imprecisos para a concretização final desta obra. Para tanto, foram escolhidos autores que abordam a atividade criadora aliada aos elementos da Natureza, posturas nômades, ou que se debruçaram sobre processos de conduta individuais. São eles: Gaston Bachelard, Martin Heidegger, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Michel Foucault, Giorgio Agamben, Henry David Thoreau, Ralph Waldo Emerson e Hakim Bey. Além de criadores visuais com pesquisas realizadas fora do estúdio, privilegiando o ambiente externo, como Richard Long, Andy Goldsworthy, Hamish Fulton, Francis Alÿs, entre outros. Por fim, escritores como Jorge Luis Borges, Italo Calvino e Rainer Maria Rilke, excitadores de fabulações, que colaboram para sustentar a
argumentação da tese e o desenvolvimento de uma escrita em consonância com o pensamento artista.