As áreas protegidas são uma porção de território terrestre e/ou marinho gerida, através dos
meios legais, com o objetivo de proteger a biodiversidade e os recursos naturais, culturais e
históricos presentes nestes espaços. No Brasil, essas áreas estão organizadas em diferentes
tipologias, dentre elas estão as Unidades de Conservação - UC. O Brasil possui, até o ano de
2022, 18,80% de todo o seu território cobertos por UCs. Em 2020, a pandemia de COVID-19
foi apresentada ao mundo. Além de gerar consequências dramáticas na vida das pessoas, a
pandemia também gerou implicações sobre as UCs. Áreas Protegidas na Europa sofreram
impactos como: superlotação, mudanças no comportamento e no perfil de visitantes e, aumento
de casos de conflitos, gerando novos desafios para a gestão. Este trabalho foi desenvolvido com
o objetivo de avaliar os impactos da pandemia na gestão de três Parques Nacionais bem como
as implicações da pandemia na visitação das Unidades de Conservação brasileiras. Foram
aplicados dois questionários. Um deles foi destinado a integrantes da gestão dos Parque
Nacional da Serra da Bocaina – PNSB, Parque Nacional da Serra dos Órgãos – PNSO e Parque
Nacional do Itatiaia - PNI, o outro foi aplicado através de um formulário online, utilizando o
método bola de neve, destinado aos visitantes que visitaram alguma Unidade de Conservação
durante o período da pandemia de COVID-19, recebendo 319 respostas. Os achados deste
estudo revelam que a situação de pandeia intensificou ameaças e diminuiu a capacidade de
fiscalização ambiental. Os resultados revelam que o PNSO, PNSB e o PNI foram impactados
negativamente pela situação de pandemia. O PNSO e o PNSB apresentaram aumento nas
ocorrências de casos de conflitos relacionados ao entorno e alteração no padrão da quantidade
de visitação. Houve uma fragilização do PNSO e PNSB devido a diminuição da equipe
destinada às ações de fiscalização, adesão de trabalho remoto durante a pandemia, e o aumento
de ocorrências de crimes ambientais no PNSO e no PNSB. Os resultados mostram alteração na
provisão de recursos financeiros no PNSO e diminuição da realização de pesquisas nos PNSO,
PNSB e PNI. Apesar disso, as UCs ajudaram a suportar a situação de pandemia, contribuindo
para o bem-estar e saúde dos visitantes e funcionando como refúgios seguros em que era
possível a socialização com riscos reduzidos com destaque para a categoria Parque. Neste
estudo discutimos que um sistema de Unidades de Conservação robusto, de grande proporção
em termos territoriais e da biodiversidade protegida, como é o do Brasil, , deve ter o seu
potencial de promoção de saúde humana utilizado para o enfrentamento de crises sanitárias.
Considerando que crises de saúde como a da COVID-19 podem voltar a ocorrer no futuro é
necessário utilizar os ensinamentos deixados por este momento no planejamento e gestão dessas
áreas para que possam ser usadas de forma estratégica. Essa pesquisa sustenta a necessidade de
UCs mais bem implementadas para que essas áreas não tenham sua proteção fragilizadas diante
de novas pandemias.